Por: Álvaro Oliveira Filho- Comentarista da CBN-RN e Colunista do Jornal Lance
Nada de trens, bondes ou carroças. Nada de guerreiros ou super-heróis ou qualquer outra expressão marqueteira.
Para vencer o Avaí e chegar pela segunda vez a uma decisão de Copa do Brasil, o Vasco foi simplesmente Vasco no jogo de quarta-feira. Um Vasco grande, como há muito tempo não víamos. Um Vasco que, dentro de campo, mostrou personalidade, seriedade e eficiência, principais características de Ricardo Gomes, seu técnico. Ganhou impondo ao adversário um futebol tão melhor, que não deixou dúvidas quanto ao resultado. Nem precisou dos surrados rótulos para potencializar a vitória. O Vasco venceu porque foi Vasco. Simples assim.
Não é de hoje que esta equipe vem mostrando mais eficiência nos jogos longe de São Januário. Tinha sido assim contra o Náutico e contra o Atlético Paranaense. Mas nem os Aflitos nem a Arena da Baixada apresentaram um cenário tão desfavorável quanto o que o time encontrou na Ressacada. Uma festa belíssima da torcida do Avaí, arquibancadas lotadas, adversário extremamente motivado pelo empate obtido em São Januário, uma semana antes... Nada disso abalou o Vasco.
O gol, com apenas três minutos, ajudou a minar a resistência rival, claro. Mas, ao menos neste caso, foi mesmo só um detalhe. Era tão grande a diferença entre o rendimento das duas equipes que, se Revson não tivesse colocado a bola no fundo da própria rede, o gol seria apenas uma questão de tempo. Sim, pois o Vasco que quarta-feira, não se satisfez com a vantagem obtida tão cedo. Ao invés de recuar para tentar jogar nos contra-ataques, como as equipes visitantes costumam fazer nestas situações, continuou se impondo como um grande time. E venceu como um grande time. Fez dois gols, teve pênalti a seu favor não marcado, criou e desperdiçou outras oportunidades e saiu de campo com o reconhecimento até dos torcedores adversários.
Na final, encontrará outro gigante que, assim como ele, precisou se apequenar para lembrar o quanto era grande. E que, assim como ele, vem fazendo uma ótima temporada. O Coritiba chega a esta decisão também com todos os méritos e certamente será um adversário mais difícil do que foi o Avaí, o que faz aumentar ainda mais a expectativa acerca desses dois jogos.
Claro que não são dois times perfeitos. Tanto um quanto outro têm limitações e deficiências. Mas tanto um quanto outro mostram uma vontade enorme de vencer. E não se intimida quando joga fora de casa.
Émuito bom para o futebol brasileiro testemunhar a ressurreição de Vasco e de Coritiba. Só um deles ficará com o título e a conseqüente vaga na Libertadores do ano que vem. Mas os dois já podem se considerar vitoriosos pelo que mostraram até agora.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)