Quando lamento aqui da filosofia mediana, medíocre e tacanha do técnico Celso Roth não o faço com a intenção de menosprezá-lo, ofendê-lo ou diminuir o seu valor profissional, mas por dever de ofício, tal como às vezes repito com Renato Gaúcho, hoje um pouco mais do que um mero aprendiz. E escrevo isso porque ontem (quarta-feira, dia 26/9) Celso Roth pode ter construído para si um divisor de águas em sua passagem pelo Vasco. Não pela heróica vitória de 3 a 0 sobre o Lanús, da Argentina (gols de Leandro Amaral (2) e Wagner Diniz), ou pela classificação em si às quartas-de-finais da Copa Sul-Americana. Mas por sua atitude, sua humildade e seu despreendimento tático, ao escalar um time mais condizente ao perfil vascaíno, mais em sintonia com os anseios da torcida _ no fundo, no fundo, sua maior aliada.
Ao abrir mão de um zagueiro, fazendo a zaga com Luisão e Júlio Santos, e ao aceitar a escalação de Andrade ao lado de Perdigão, ainda que tenha mantido Amaral, o técnico acenou com um importante tratado de paz aqueles que na derrota para o Cruzeiro não toleraram sua irritante soberba. Os gritos de burro tocaram tão forte, que Roth fez mais: trocou o engessado Rubens Júnior pelo lépido Guilherme e ainda surpreendeu ao iniciar com Marcelinho no lugar de Alan Kardec.
O Vasco, que não pôde contar com Dario Conca, transformou-se num timaço? Não, é lógico que não. Mas jogou como Vasco, sem amarras, determinado, produzindo um sem número de jogadas ofensivas e correndo atrás de seus objetivos sem medo de ser feliz. Deu espaços na defesa, exagerou no número de faltas, errou passes no meio-campo _ repetiu as falhas dos últimos jogos e que podem ser corrigidas por um técnico trabalhador. Mas ainda que o Vasco não tivesse obtido a vaga, a torcida sairia satisfeita com os jogadores, com o time e com o próprio técnico. Não por algo em especial, mas pelo simples resgate da tradição vascaína. Se Roth se der ao trabalho de visitar a história do clube, verá que nem sempre as grandes conquistas foram obtidas por times recheados de craques como o de 2000, por exemplo, ou de formações históricos, como o eterno Expresso da Vitória, tantas vezes campeão na década de 40. Muitas vezes, o grito de campeão veio em consequência do comportamento guerreiro de jogadores esforçados, somado ao espírito vencedor daqueles que os comandavam à beira do campo. Tomara Celso Roth ter enxergado a parte que lhe cabe...