A rodada de número 23 (para quase todos os times) do Brasileirão foi a de maior impacto até agora em termos de classificação. Isso porque tirou da briga (ainda que teórica) pelo título dois grandes times: Palmeiras e Santos. E praticamente reduziu a três os times que ainda sonham com a conquista: o favorito disparado São Paulo, o ascendente Cruzeiro e o surpreendente Vasco. Ai algum gaiato vai perguntar do Botafogo. Mesmo tendo uma equipe interessante, não vejo força no Botafogo para chegar lá, em virtude da queda de rendimento nos últimos jogos.
Não sou grande fã de estatística no futebol, porque esse jogo não é basquete, não é vôlei, não é exato. E muitas vezes quem se prende muito aos números acaba não vendo o que realmente acontece em um jogo. Mas alguns números desse Brasileiro servem para embasar a tese de que há apenas um trio na disputa do título. O São Paulo é o time de melhor desempenho como visitante e o segundo como mandante. E sustenta o impressionante saldo de 29 gols em 23 jogos.
O Cruzeiro é o quarto como mandante e terceiro como visitante e tem o melhor ataque, com 54 gols. O Vasco é o melhor mandante do campeonato, mas despenca para décimo-quinto quando sai de casa. Mas tem apenas um gol a menos de saldo que o Cruzeiro, o que prova ser mais equilibrado entre ataque e defesa, mesmo sem ter feito mais de 50 gols. E o Botafogo? É o sexto em casa e o quarto fora, mas seu saldo é bem mais baixo que o dos três primeiros, de apenas nove gols. E a partir da déxima-sexta rodada seu gráfico de desempenho caiu abruptamente.
Depois desses quatro, Santos, Palmeiras e Grêmio alternaram bons e maus momentos, mas não conseguiram superar suas limitações. O Santos teve um péssimo começo, faltou elenco para equilibrar a disputa simultânea com a Libertadores. Fora isso, o time peca por alguma soberba em certos momentos, parece crer que se ganha por inércia, sem correr. E hoje não tem mais isso. O Palmeiras se sustenta na ótima campanha como visitante, ainda a segunda do campeonato, mas se dependesse do desempenho em casa estaria na zona de rebaixamento. O time até que se supera, mas esbarra na limitação técnica, em especial, de seus atacantes e laterais. Quando perde um ou dois jogadores, como Pierre (injustamente expulso) ou Valdívia, fica fragilizado. O Grêmio esbarra, também, na limitação de seu ataque, que depende demais do Tuta, que nem sempre está disposto a colaborar.
Duas datas vão ficando fundamentais para a definição do quadro. Em 16 de setmbro o São Paulo, o melhor como visitante, vai a São Januário enfrentar o Vasco, o melhor mandante. E em 31 de outubro, o Cruzeiro visita o São Paulo no Morumbi. Mas como eu sempre digo, esse tipo de torneio não se define no confronto entre os principais candidatos, mas quando esses tropeçam diante de equipes menores ou sem grandes pretensões. É aí que o São Paulo sobressai. Praticamente não vacila e, baseado numa preparação física sensacional, resolve os jogos quando o adversário está de língua de fora.