Depois de um longo e tenebroso período sem fazer uma atuaçãozinha minimamente convincente pelo Brasileiro, o Vasco voltou a jogar bem pela competição e venceu o Atlético-GO pode 2 a 0. Além de nos dar um novo respiro na classificação, a vitória foi boa pela tranquilidade com que foi conquistada. Não que o Dragão não nos tenha dado trabalho - o time goiano provou que não é por acaso nosso principal rival na competição, mostrando em muitos momentos um jogo coletivo melhor que o nosso.
A impressão que ficou é que o trabalho do Jorginho não é o verdadeiro diferencial desse time do Vasco, e sim a qualidade superior do elenco: quando Nenê e Andrezinho resolvem jogar bem, toda a equipe cresce junto. Mesmo que o destaque do jogo tenha sido Éderson, que marcou os dois gols vascaínos, a atuação dos meias foi fundamental para que tivéssemos o controle do jogo na maior parte dos 90 minutos.
Taticamente, mesmo vencendo o Vasco apresentou alguns problemas. Na comparação com o Atlético, por exemplo, nosso time não consegue ter a mesma compactação e ainda tem uma reposição defensiva pior. Esse foi o nosso principal problema, que proporcionava uma facilidade incrível para o adversário chegar tocando a bola pelo meio da nossa defesa. Mostramos também alguma fragilidade nas bolas alçadas à área, o tipo de jogada na qual levamos mais perigo - sofremos um gol invalidado por lance faltoso e Martin Silva precisou fazer uma defesa complicada em duas cabeçadas do rubro-negro.
Mas, tirando isso, vimos um Vasco mostrando vibração em campo, coisa que fazia tempo não víamos na Séria B. Agora que o não há outras obrigações no horizonte até o fim do ano, não há razão para o time não apresentar a mesma motivação de ontem no restante da competição. Tendo a mesma vontade de ontem, podemos esperar um restante de Brasileiro sem maiores complicações. Que o time todo tenha isso em mente até dezembro, independente do adversário, do local do jogo e - não podemos deixar de citar - da presença do Tite nas arquibancadas.
As atuações…
Martin Silva – duas defesas importantes e a segurança de sempre.
Yago Pikachu – apareceu no apoio com perigo algumas vezes, mas poderia ser melhor defensivamente. Estranho: nas duas últimas partidas se saiu melhor no meio de campo que na sua posição de origem. Deu lugar ao Madson, que quase marcou duas vezes (e todos sabemos que “quase” é o mais perto que o rapaz pode chegar de balançar as redes).
Rodrigo – teve algum trabalho com os atacantes goianos, principalmente nos contra-ataques, mas se saiu bem na maioria dos lances.
Luan – um pouco melhor que Rodrigo, foi bem nas antecipações e no combate direto.
Alan Cardoso – sua melhor partida como profissional. Antes de 15 minutos de bola já tinha feito uma assistência para o primeiro gol vascaíno e descolado outro bom passe para finalização perigosa. Foi bem tanto no apoio quanto na defesa.
Diguinho – alguns acham incompreensível a insistência do Jorginho com o Jorge Henrique. Para mim, mistério mesmo é o Diguinho ter qualquer chance, em qualquer jogo, sob qualquer situação de entrar em campo numa partida oficial como jogador profissional do Vasco. Os melhores momentos do baladeiro ex-jogador em atividade são quando a bola está longe dele. Quando está perto, ou ele vai falhar na marcação, cometer uma falta tosca ou se estabacar sozinho (como aconteceu ontem).
Douglas – convocado para a seleção sub-20 e sob as vistas do técnico da seleção principal, o garoto Douglas manteve sua boa média de atuação, indo bem na contenção e aparecendo para ajudar o ataque.
Andrezinho – com mais liberdade para criar, voltou a jogar bem. Fez boas jogadas, apareceu para o arremate e fez o cruzamento que originou o segundo gol vascaíno.
Nenê – há algum tempo nosso camisa 10 não participava tanto de uma partida. Ontem buscou o jogo, fez boas jogadas e tabelas e finalizou com perigo algumas vezes.
Éderson – recebendo mais bolas em condição de marcar, acabou mostrando sua qualidade domo finalizador. Perdeu uns dois ou três gols até fáceis, mas garantiu a vitória marcando duas vezes e já deixa claro como fazia falta um goleador ao elenco. Saiu no final para a entrada do Fellype Gabriel, que teve como maior mérito terminar a partida sem contusões.
Jorge Henrique – continua sendo o atacante que joga atrás da última linha do meio de campo, mas ontem pelo menos participou do lance de um dos gols, dando a bola para o Alan lançar Éderson. Caio Monteiro entrou em seu lugar e atuou como um atacante de velocidade deve atuar: aparecendo com rapidez na frente, teve duas boas chances. Marcou, em lance irregular na primeira e obrigou o goleiro adversário a fazer boa defesa na segunda.