Junte numa só equipe de arbitragem o apitador Rodolpho Toski Marques, colecionador de equívocos em jogos de Santos, Bahia, Fluminense e Corinthians;
O auxiliar de vídeo Paulo Roberto Alves Júnior, árbitro do último Palmeiras e Botafogo, cujo resultado foi homologado no tribunal;
E a observadora de VAR, Ana Paula Oliveira, ex-bandeira que encerrou a carreira em meio a inúmeras críticas quanto a erros primários em lances capitais.
Pronto: já se tem o suficiente para uma arbitragem conturbada.
O trio fez parte da equipe de arbitragem da partida entre Grêmio e Vasco, disputado na Arena, em Porto Alegre, e os queixosos da vez foram os vascaínos.
A anulação do que seria um 2 a 0 a favor do time carioca, por sugestão da equipe do VAR, traz polêmica onde deveria haver luz.
E a cada vez que se erra no uso dos recursos das imagens de vídeo para interpretação de lances faltosos, culpa-se a tecnologia.
O que é muito ruim para a consolidação da modernidade nos jogos de futebol aqui no Brasil.
Da cabine do VAR, Paulo Roberto Alves, chamou atenção para disputa de bola entre Rossi e Mathes Henrique no início da jogada, e Toski Marques avaliou mal.
Interpretou falta num lance em que a mão do atacante vascaíno, num movimento de braços, roçou os olhos do meia gremista, que chegou a parar por segundos.
Uma disputa de espaço, que o árbitro viu e não considerou falta, tal como próprios gremistas, que sequer reclamaram.
Ao contrário: seguiram no lance, lamentaram entre eles o cochilo na marcação e dariam a saída se Toski Marques não sinalizasse à espera pelo VAR.
A discussão aqui não é sobre o jogo, sobre o placar ou sobre o impacto que a intervenção equivocada do VAR teve sobre a dinâmica do duelo.
O uso do olha tecnológico nos jogos de futebol não foi instituído para subsitituir a leitura dos árbitros de campo.
E por isso a Fifa se preocupou em criar um protocolo antes de aprovar sua implementação.
Já não é a primeira vez que Rodolpho Toski Marques e Paulo Roberto Alves tentam subverter as recomendações da CBF.
Pois o capítulo 5.1.9 do protocolo distruibuido aos árbitros é bem claro, onde fala sobre 'quais princípios deverá o árbitro seguir durante a revisão'.
Um dos tópicos diz que uma decisão de campo só pode ser alterada se as imagens mostrarem um 'erro claro' ou ofensa/incidente grave não percebido.
E grifa que não se trata de avaliar se 'a decisão foi correta?', mas 'a decisão foi claramente errada?'
Isso quer dizer que a interpretação do árbitro Toski Marques na disputa de bola entre Rossi e Matheus Henrique não deveria ter sido revisada.
Justamente por não ter sido uma 'decisão claramente errada', como recomenda o protocolo.
O que se fez foi revisar a 'interpretação', ato que o documento instrui a não fazer.
Pior: além de anular o lance por essa nova interpretação, ainda decidiu aplicar cartão amarelo no atacante vascaíno.
Enfim, a mostra clara do descumprimento de protocolo exige que a CBF recicle os árbitros.
Sob risco de completa desmoralização do olhar técnológico.