Já há algum tempo não se via um clássico Flamengo x Vasco com qualidade tão distintas em reta final de Brasileiro.
Nos anos de conquista de título, tanto de um lado quanto do outro, houve sempre correlação de forças.
Descontando, é claro, a edição de 2009, vencida pelos rubro-negros, ano em que os vascaínos disputaram a Série B.
Aliás, nem naquele ano a diferença entre os dois times era tão acentuada como no confronto desta quarta-feira (13).
Pois então, nada mais natural do que imaginar que o virtual campeão faça a festa da sua torcida.
Só vejo duas formas de um time reduzir a imposição do Flamengo, principalmente em confrontos no Maracanã.
Uma, apostando na velocidade pelos lados, criando o desconforto defensivo gerado, por exemplo, por Bahia e CSA - sobretudo nas viradas de bolas.
E a outra, como fez o São Paulo, e até o Botafogo em duelo recente, encurtando espaços entre as linhas, bloqueando o meio da área e apertando a marcação.
Mesmo assim, não significa que vá frear o time de Jorge Jesus.
A liderança do Flamengo nem sempre teve desempenho associado a resultado.
Já houve jogos neste Brasileiro em que a vitória veio pela garra e até pela mística da camisa.
Estou curioso, portanto, para ver o que Vanderlei Luxemburgo tentará aprontar para evitar que se repita o 4 a 1 do primeiro turno, em Brasília.
Até porque, é bom que se diga, o Vasco teve duas ótimas chances de marcar nos minutos iniciais daquele jogo e ainda desperdiçou duas cobranças de pênaltis.
Agora, o Flamengo lhe reaparece à frente com o título praticamente conquistado e envolvido também na final única da Libertadores.
"Como tirar proveito disso", deve pensar o técnico vascaíno.
Provavelmente, cima do que ele próprio construiu até aqui, Vanderlei deveriá ir a campo com quatro volantes e dois atacantes velozes!
Exemplo: Richard, Raul, Bruno Gomes e Marcos Júnior no meio, com a dupla Rossi e Marrony mais à frente.
Um 4-4-2 falsamente retraído, com intensidade na marcação pelo meio e velocidade nas pontas.
Uma questão de bom senso.
Há certa expectativa de campo pesado, em consequência das chuvas, e, se assim for, o Flamengo talvez opte por administrar seu desgaste.
Ainda que este não seja o perfil de Jorge Jesus.
De qualquer forma, tomara, portanto, que o desnivelado "clássico dos milhões" nos reserve ao menos um bom duelo entre os treinadores.