Futebol

Opinião: "O estilo discreto do Vasco"

Diego Souza começou bem o ano, e não só dentro de campo. Sua declaração de ontem é bem interessante: “O Vasco é pouco badalado, mas é competitivo”. O fato de o time ser competitivo não é novidade. Pelo menos para mim, é o melhor do Rio desde o ano passado. E, aliás, começa este ano sendo o melhor também. Por enquanto. Estranho mesmo é que seja pouco badalado.

Afinal, é o segundo time de maior torcida do nosso estado. Tem boa cobertura dos jornais, é verdade. Mas não chega a ser tão celebrado entre comentaristas, colunistas, os chamados “especialistas”... e nem nas entusiasmadas transmissões da televisão. Pelo menos não tão celebrado quanto o Fluminense (com bom elenco, é verdade) e o Flamengo, mesmo em épocas de crise, como agora. Isso é apenas uma constatação do Diego Souza (e minha), não há reclamação contra ninguém. No ano passado, o Vasco foi o melhor carioca no Campeonato Brasileiro (acabou em segundo lugar, atrás apenas do campeão Corinthians) e este ano já floreia na ponta do nosso estadual.

Para usar o termo do jogador, o mais badalado tem sido o Fluminense, elevado até por gente boa como o melhor elenco do Rio, quiçá do Brasil. Escrevi ontem mesmo que há controvérsias. O elenco do Fluminense tem jogadores de qualidade, é certo, mas não tem sido, de forma alguma, o mais competitivo (por enquanto outra vez). Pode vir a ser amanhã.

Talvez tudo isso decorra da chamada temporada de contratações. O Fluminense contratou o superestimado Thiago Neves (além de Wagner), causando extraordinário rebuliço na mídia, onde cheguei a ler o disparate de que o citado jogador tinha sido o “destaque” do Flamengo em 2011. Este Flamengo contratou o igualmente superestimado Vágner Love, ocasionando beijos, lágrimas, Xuxa, trancinhas, danças, trem, bonde do amor etc etc... O Vasco se portou com mais discrição e está sendo, como disse o Diego Souza, mais competitivo.

Hoje, porém, começa um ano espinhoso para o Vasco — e ainda bem que seja assim, porque é o ano da Taça Libertadores, em que o Vasco volta ao topo do futebol sul-americano. Começa com um jogo difícil com o Nacional do Uruguai.

Mas o Vasco — e eis um de seus trunfos — pode contar em seu meio de campo com a dupla do passe certo, Juninho Pernambucano e Felipe. Ambos veteranos, bem veteranos, mas que têm essa suprema vantagem sobre a imensa maioria dos colegas: sabem dar passes perfeitos, precisos, inteligentes, decisivos. Algo muito mais importante — porque mais bonito e mais objetivo — do que se destrambelhar em correrias inúteis pelo campo.

O Vasco tem ainda o ótimo goleiro Fernando Prass, tem o Fágner (que não joga hoje, mas é um de nossos melhores laterais), tem o Dedé, tem o Rodolfo a seu lado agora, tem o Rômulo, o Fellipe Bastos, o Bernardo na reserva, o Éder Luis (em recuperação), tem o Diego Souza e, se tivesse ainda um bom centroavante, bom mesmo, aí era eu que diria que o Vasco possui o melhor elenco do Rio, um dos melhores do Brasil.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)

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