Opinião: o gosto pelo drama (haja sofrimento!)

SÉRGIO CABRAL
sergiocabral@lancenet.com.br


O leitor que adquiriu os jogos do Brasileirão na TV paga e, além disso, dê preferência às histórias dramáticas, aceitaria uma sugestão para hoje? Santos x Sport, não por causa do Sport, que está quase entrando na turma da Sul-Americana, mas pelo Santos, que, mesmo vencendo, continuaria figurando na lista dos rebaixados, caso a competição terminasse hoje.

Não posso negar que me emociona ver um clube com títulos mundiais, nacionais e estaduais deixando os torcedores em estado de pânico, de indignação e – não tenhamos medo das palavras – de humilhação mesmo. Acompanhei com o mesmo sentimento os dramas do Palmeiras, do Botafogo, do Grêmio, do Atlético Mineiro e do Corinthians, o que me dá autoridade para comunicar à torcida santista que nunca o clube precisou tanto do seu apoio. Ainda bem que a pesquisa do LANCE! me tranqüilizou ao informar que 85 por cento dos nossos leitores acham que Cuca não é o culpado pela má fase do time.

Antes que algum leitor me mande ficar na minha, já que o Vasco não está longe de viver uma situação semelhante à do Santos, informo que, no mesmo horário, darei a preferência (sem tirar o olho da Vila Belmiro) ao jogo Atlético Paranaense x Vasco, também candidatos ao rebaixamento não só pela má colocação em que se encontram na tabela do campeonato, como também pelas atuações nada animadoras com que têm contemplado os torcedores. Aliás, desde o início do Brasileirão na base dos pontos corridos, que minha preocupação é apenas saber se o Vasco vai escapar do rebaixamento. Mesmo ignorando o que ocorrerá até dezembro, espero que, pelo menos no próximo campeonato, a Era Dinamite tenha início no futebol, conduzindo meu time do coração de volta ao convívio dos candidatos ao título de campeão.

P. S.: As indicações para a TV paga levaram em conta apenas a paixão pelo clube e o gosto pelo drama. Para quem prefere o futebol da elite atual, recomendo o jogo do líder Flamengo contra o Vitória, quinto colocado.

DOIS TOQUES

Ser e estar

O que ocorreu nos bastidores do Barcelona para que Ronaldinho fosse com tanta facilidade para o Milan? Se prevaleceu apenas a avaliação técnica, os cartolas espanhóis correm o risco de se arrepender.

A carreira do craque é marcada por altos e baixos, por razões que vão da má forma física ao enfado. São problemas que podem ser resolvidos pelo clube e pelo jogador. Ele pode não estar craque, mas que é craque, isso é.

Thiago Neves

O melhor é que, pelo menos para os torcedores, os craques fiquem por aqui. Mas imagino o que se passa na cabeça dos jogadores, diante da perspectiva de viverem em outro país, do dinheiro que ganharão e do tipo de vida que terão.

Vejam o caso de Thiago Neves, alvo de rumores de mudança para várias cidades européias. Se fosse eu, sabendo que o Paris Saint-Germain é um dos interessados, teria minha preferência. Se Paris já valeu uma missa, ganhar um pouco menos também valeria a pena.