Dissidências políticas, conluios para o esvaziamento da diretoria administrativa, discussão sobre o processo eleitoral, torcedores se enfrentando nas redes sociais na defesa dos cartolas de estimação...
O Vasco passou o ano dividido em batalhas internas e só agora, a dias de poder sofrer o maior revés financeiro de sua história, é que os mais lúcidos começam a ter ideia do valor da conta.
A disputa pelo poder cegou os vascaínos de tal forma que não se encontra em pesquisa na internet um só relato de reunião de conselheiros questionando o ex-presidente Alexandre Campello e o ex-executivo de futebol André Mazzuco por terem conseguido piorar o time medíocre do Brasileiro de 2019.
Hoje, Vanderlei Luxemburgo quer mais um volante para proteger o meio, e não tem.
Quer um meia para segurar a bola e quebrar as linhas adversárias, não tem.
Procura um atacante veloz para explorar os contragolpes, não tem.
Quer mais um homem de área para dividir o espaço com German Cano, também não tem.
E não estou falando de qualidade técnica, mas de características.
O elenco não dispõe de peças para montagem de um mecanismo de jogo competitivo.
Não resta alternativa senão recondicionar as usadas na temporada passada, como Pikachu, Wesley e Marcos Júnior.
Alguém que ajude na maturação de jovens (já desgastados) como Andrey, Juninho, Talles Magno e Vinícius.
O que pensaram Campello, Mazzuco e José Luiz Moreira, o vice de futebol, semanas antes do fechamento da janela para novas inscrições?
Que o elenco era bom o suficiente para suportar o peso da camisa?
Como pode um grupo de jogadores tão chinfrins custar cerca de R$ 4 milhões por mês?
É absolutamente inacreditável que um clube da grandeza do Vasco tenha passado os últimos três anos entregue a gerentes forjados como executivos.
Como se não houvesse diferença entre as funções.
E este foi o grande erro da administração Campello: não ter sabido escolher o gestor para o futebol.
Paulo Pelaipe, Alexandre Faria e André Mazzuco mostraram-se escolhas equivocadas.
Não lembro de ter visto Vanderlei Luxemburgo tão enfraquecido como na derrota para o Internacional, em São Januário.
Talvez por ele saber que a situação foge à própria competência.
Nos últimos dias, a saída foi intensificar o trabalho da psicóloga Maíra Ruas.
Como o Vasco tem de vencer o Corinthians, em São Paulo, e o Goiás, no Rio, é preciso tirar forças de onde não se vê...