Opinião: "O que é isso, gente boa?!"

Eu gostaria muito de atualizar o blog com um tema mais \"futebolístico\", mas lamentavelmente precisarei rezar a cartilha da repetição e fazer eco a todas as manifestações de repúdio e estupefação diante da atitude covarde, monstruosa e homicida do goleiro Gustavo que atingiu violentamente o jogador Elivélton, do Vasco, com um chute no pescoço.

Vejam bem: eu disse um chute... no pescoço!

E, ainda por cima, pelas costas! Duplamente qualificado em agressão e covardia!

Eu pergunto a vocês: que justificativa pode haver para um ato premeditado, calculado à distância? Porque, se já não é justificável que alguém desfira uma bofetada ou um soco em rompante irracional de fúria, menos ainda se pode considerar um \"impulso\" ver alguém correr em direção a outro, saltar e aplicar-lhe um chute numa região mortal, premeditando uma lesão que é óbvia. Ou alguém acredita que um pontapé na cabeça possa apenas \"incomodar\"?

O goleiro Gustavo foi devidamente expatriado do Sport Club de Recife, além de indiciado pelo delegado local por (clara e evidente) tentativa de homicídio. Certamente aparecerão os \"sociólogos de feira\" (tomando emprestado o termo de João Máximo para designar os que acusam Noel Rosa de racista na letra de \"Feitiço da Vila\") - que, como ele diz, \"abundam por aí\" - para fazerem a comiseração hipócrita e tergiversada de que \"isso é um exagero\", \"coitado\", \"jogaram-no na criminalidade\". Quem admite que um suposto desportista possa cair na criminalidade por ser punido mediante um ato desses deve consentir que um traficante continue de arma em punho para não ser \"jogado na marginalidade\" da prisão.

E pra quem ainda acha que Gustavo não usou \"uma arma\" para atacar Elivélton, experimente colocar uma chuteira profissional em uma balança, \"acariciar\" suas travas de ferro e, depois disso, pedir que alguém a calce e chute a sua cabeça! Se fizer cócegas, então terá sido, de fato, exagero...

Desculpem a minha indiferença, mas não acredito nem um pouco nesse tipo de declaração que sugere arrependimento e pedido de desculpas. Todo mundo sabe que, em um processo sem álibis ou justificativas possíveis, a primeira orientação da defesa é impelir o réu a um retrocesso moral. Ou seja, a manifestar publicamente um \"arrependimento\". Após o jogo, nada.

No dia seguinte, nada. Após a notificação do delegado, aí sim o \"nervosinho\" veio à tona com seu pedido de desculpas.

Sem querer promover nenhum tipo de execração pública, seria simplesmente imoral a gente censurar tanto os botinudos dos gramados, os que entram de sola, que chutam canelas, os hooligans dos estádios, a complacência dos sopradores de apito com a violência dentro do jogo... e, agora, não condenar esse gesto.

Não foi um destempero de jogo, não foi uma briguinha de moleques, não foi um desequilíbrio. A cena é grotesca e revoltante. Fosse um jogador do Vasco fazendo aquilo em qualquer outro e eu teria o mesmo nojo!

Que me desculpem os amigos pelo tom iracundo. De uma coisa estejam certos: a revolta e a indignação com esse fato jamais me levariam a, por causa disso, voar numa tesoura por trás e acertar a cabeça de alguém.

Quando se busca ser civilizado, repudia-se o ato grotesco com sua posterior e inócua justificativa...