Sábado, dia primeiro de maio, conhecido também como o Dia do Trabalhador. Com um movimento espontâneo, a torcida do Vasco descobriu a chave Pix, novo formato de transferências bancárias, do clube. Mesmo sem a instituição confirmar, os torcedores já estavam doando após um Balanço assustador e que coloca o Gigante da Colina com 832 milhões de reais em dívidas, sendo R$ 314 milhões de curto prazo. Após a confirmação do Cruz-Maltino, a #VasPix foi levantada nas redes sociais e, no mesmo dia, a conta já acumulava o valor de mais de R$ 200 mil. É um exemplo enorme, mas que está longe de ser obrigação.
A torcida do Vasco, ao longo da história, se notabilizou por andar lado a lado com o clube nos momentos mais complicados. Foi assim na luta contra o racismo e preconceito. Foi assim na construção de São Januário. É assim no programa dos sócios torcedores. É assim nos momentos bons e ruins. E, para ser bem sincero, ela tem recebido muito pouco em troca. Ou quase nada. Um clube que foi rebaixado quatro vezes em 12 anos e os vascaínos continuam, de forma quase que inexplicável, fazendo de tudo para ver a cruz de malta brilhar novamente.
Eu estou longe de ser contra qualquer movimento popular. Muito pelo contrário. Eu doei, inclusive, na #VasPix. Mas eu quero destacar um movimento errado que percebi nascendo de uma parte da torcida, como se todos fossem obrigados a doar e fazer sua parte. Não são. Por motivos óbvios e que nem deveriam ser contestados. Exemplo? Vivemos em um país com mais de 400 mil mortos pela Covid-19 e que enfrenta uma crise financeira histórica. São mais de 14 milhões de pessoas desempregadas no Brasil. É importante frisar que ninguém é mais ou menos Vasco por estar ajudando o clube. Você não é obrigado a isso. Para quem tem e quer fazer, ótimo. Estará ajudando o clube de coração. Seja com um ou dez mil reais.
O Vasco só vive pelos torcedores. São eles que ainda carregam esse clube nas costas. A #VasPix é um belo exemplo de apoio, mas a torcida não pode tomar isso como obrigação. A relação também tem que ter o “vosso reino”. Claro que é um movimento louvável, mas o Gigante da Colina também tem que começar a caminhar para as próprias pernas e retribuir o amor incondicional que essa torcida já mostrou e segue transparecendo quando necessário.