Honestidade e carisma não bastam para um dirigente gerir com competência um clube de futebol
Por Antonio Afif
Depois de acompanhar estarrecido as ameaças que o ex-presidente do Vasco (que dispensa citação) fez ao ídolo Roberto Dinamite, que o sucedeu na gestão do clube, peguei este gancho para a coluna desta semana.
É claro que qualquer pessoa que acompanha futebol sabe quem foi Dinamite e o que ele representa para o clube de São Januário. É querido por todos, é honesto e ainda possui muito carisma junto ao público. Porém, isto não é suficiente.
Assim, inspirado nesse entrevero, decidi apresentar as qualidades que julgo indispensáveis a qualquer gestor, ressalvando que não são dirigidas especificamente ao mandatário do clube cruzmaltino, mas sim uma pequena contribuição que passo para todos aqueles que exercem esta função.
Os 10 mandamentos de um bom gestor
1°) Possuir conhecimento não dá para aceitar que o cargo máximo de um clube seja ocupado por dirigentes que não possuem conhecimento básico de administração teórico e prático.
2°) Ter experiência os grandes clubes de futebol do país representam milhões de torcedores e, em muitos casos, superam a população da grande maioria das cidades brasileiras. Por isso, esse é um cargo que deve ser entregue a alguém com experiência em administrar (empresas, instituições etc.).
3°) Ser um líder o presidente de qualquer agremiação deve ser um líder, alguém que tenha a capacidade de aglutinar em torno de si as melhores cabeças, que seja respeitado, admirado pelas pessoas e que consiga fazer que elas cumpram as tarefas delegadas.
4°) Saber planejar resultados positivos não são obtidos ao acaso. Qualquer empresa ou equipe esportiva só atinge seu objetivo se houver um planejamento estratégico.
5°) Contar com profissionais competentes de nada adianta ter um bom plano se os executores não reunirem capacidade suficiente para executá-lo. Por isso, um bom presidente escolhe os melhores para o seu clube (dentro e fora de campo).
6°) Ter dedicação não é possível, dentro das exigências do moderno futebol, que um presidente freqüente o clube apenas no final da tarde. O gestor deve estar presente em todos os momentos da vida de sua agremiação e da equipe de futebol, participando ativamente das decisões, o que não significa que deva ser centralizador.
7°) Saber motivar qualquer equipe esportiva, ou mesmo de trabalho formal, possui seus altos e baixos. Nesses momentos mais difíceis é que um presidente deve saber como agir para motivar seus comandados, de forma a reverter a situação.
8°) Possuir uma ativa rede de relacionamento é o chamado networking. De nada adianta um dirigente ter uma centena de cartões de visita, conhecer muita gente influente se essas pessoas jamais são acionadas para colaborar de alguma forma com o clube.
9°) Ter uma visão holística - saber trabalhar de forma integrada e interdisciplinar, é um pressuposto básico para qualquer pessoa que for administrar um clube (ou mesmo uma empresa), até porque o trabalho no esporte envolve muitas pessoas e de diferentes áreas do conhecimento e cada uma delas possui suas particularidades, aspirações e conflitos de idéias.
10°) Objetivo ambicioso um administrador competente precisa antever a jogada, a exemplo do que fazem os grandes craques. Não podem ter medo de ousar, nem de inovar, ainda que possa correr alguns riscos. Se no planejamento não estiver contemplado um objetivo ambicioso (mas factível, diga-se), as pessoas tendem a ficar na zona de conforto, como sempre diz o vitorioso técnico de vôlei Bernardinho, e isto não é bom, pois sempre terá alguém ou uma equipe preparada para nos ultrapassar.