Opinião: "Quem julga os juízes?"

Depois do jogo de domingo, Carlos Alberto, ainda em campo, fez uma observação interessante: por que somente técnicos e jogadores são chamados a explicar suas falhas? Por que os juízes não são entrevistados sobre os seus erros? Eles fazem parte do espetáculo e desse modo também devem uma satisfação aos torcedores. Se não de viva voz, que pelo menos tenham suas súmulas dos jogos divulgadas. Depois de uma copidescada, é claro.

Não me incluo entre aqueles que costumam atribuir aos erros dos juízes o resultado de uma partida. Errar é humano, sobretudo a favor do nosso time. Se não sinto firmeza em nossos juízes de toga que dispõem de uma eternidade para deliberar, por que crucificaria os juízes de calção que não têm mais do que alguns segundos para julgar um lance? No entanto, os árbitros de Botafogo x Fluminense (Péricles Bassols) e Vasco x Flamengo (João Batista de Arruda) cometeram tamanhas barbaridades que acabaram decidindo os finalistas da Raça Rio.

Antes de prosseguir metendo o pau nos dois, gostaria que alguém me informasse o que fazem aqueles caras fantasiados de árbitros atrás das balizas? A principio achei que permaneciam ali para ajudar o juiz a tirar suas duvidas, mas como eles não abrem a boca – nunca – passei a crer que são escalados apenas para sair na foto e receber o cachê. Impossível que eles não tenham visto no jogo de sábado que a bola bateu sem querer no braço de Leandro Guerreiro e que o rubronegro Willians, no domingo, enfiou a mão na bola de propósito.

Eles estão ali só para isso! Ou será que estou enganado? Será que ficam atrás do gol para fiscalizar a atuação dos gandulas? Péricles Bassols, um tipo marrento e falastrão, com menos de 10 minutos de partida havia distribuído três cartões amarelos.

Depois teve que engolir o cartão.

Leandro Guerreiro quando fez o suposto pênalti já havia recebido um cartão e teria que ser expulso.

Que rumo tomaria a partida com o Botafogo jogando com dez? Sua falha no gol de Caio foi mais gritante do que o barulho das torcidas. Herrera estava em uma banheira de hidromassagem, mas o juiz com certeza interpretou que a banheira estava na sala, ou seja, fora do lance. Como é que o argentino estava fora do lance se a bola passou por baixo de suas pernas? É provável que o juizinho tenha aprendido que para estar dentro do lance é preciso tocar na bola.

João Batista, de Vasco e Flamengo, mostrou uma personalidade diferente da do Bassols.

Não grita, não discute, não peita os jogadores, mas com seu sorrisinho sibilino errou tanto quanto o coleguinha da véspera.

Marcou um pênalti em Leo Moura que até gora não me convenceu, mesmo tendo visto 18 vezes a repetição do lance na televisão.

O jogador do Flamengo, com seu corpinho de faquir não precisa de mais do que uma leve pressão do polegar para ir ao chão. Armou a cena e o juiz embarcou direitinho. Depois veio aquele pênalti escandaloso de Willians que subiu de braço erguido, como um jogador de vôlei, e mudou a direção da bola.

Todo o mundo viu, inclusive o arbitro que fica atrás do gol, que preferiu o silencio porque não é pago para se manifestar. O juiz João Batista bem que acompanhou o lance, mas parecia desligado, preocupado com outra coisa. Vai ver ele mora em uma área de risco.