Nos primeiros meses de 1996, há onze anos portanto, dediquei-me a levantar em arquivos e consultas aos clubes quantos gols Romário já havia marcado na carreira. Seria apenas o capítulo final de uma pequena biografia, escrita em parceria com o holandês Rodger Linse, e publicada pela editora AP, em julho daquele ano, na Holanda e na Bélgica, sob o título \"Romário, van goot tot god\" (De favelado a Deus). Descobri então que o Baixinho estava prestes a completar 500 gols, se computados os feitos desde a sua estréia no infantil do Olaria, em 79. Romário, de cara, deu por falta de alguns marcados com a camisa do clube da Rua Bariri; citou outros, não mencionados naquela relação, feitos nos jogos da seleção carioca que disputava um extinto torneio regional, e se queixou de outros, assinalados em amistosos do PSV Eindhoven, em pré-temporadas realizadas em países da África. Ainda assim, mostrou-se surpreso e feliz ao saber que já era o maior artilheiro do Brasil em atividade. Em abril de 97, o fato mereceu destaque na edição 1126 da Revista Placar. Romário estava então com 559 gols, 488 como profissional. Mais tarde, ao atingir a marca dos 500 como profissional, foi a vez de o Diário Lance! atualizar a relação e fazer pertinente estardalhaço. Por isso, discordo dos que, subliminarmente, imputam um ar de falsidade à soma de seus 998 gols. Romário não merece isso. Ainda que seu temperamento, por vezes genioso e arrogante, diminua nosso apreço, o momento é de sublimar sua arte, e não o de julgar sua alma...