Desta vez, nem o Botafogo, campeão (talvez, por isso mesmo) da Taça Guanabara, chegou à fase decisiva da Taça Rio. Todos os grandes cariocas ficaram no rastro dos pequenos, como Vasco, Flamengo e Fluminense haviam ficado no primeiro turno.
E, se o amigo estiver vendo um jogo dos campeonatos paulista, mineiro ou gaúcho e zapear para um clássico carioca terá a sensação de que apertou o botão do slow-motion.
Se não dormitar de tédio, receberá a notícia de que Romário simplesmente desapareceu de São Januário às vésperas do clássico com o Fla, sem sequer deixar um bilhete de até-logo.
Resistindo até o fim, será o amigo testemunha de um quebra-quebra insólito, posto que nenhum pretexto para tanto foi oferecido pelo jogo, em que um policial, cheio de razão na carranca fechada, dispara a esmo gás lacrimejante com um spray, como quem odoriza a sala enfumaçada.
Tenta, então, imaginar em que tudo isso vai dar na Federação Carioca e percebe que não há Federação Carioca. Aliás, não há Federação Carioca desde que, séculos atrás, ela foi tomada por um senhor de alcunha Caixa D´Água, agora afastado do cargo pela justiça, acusado de uma montanha de irregularidades.
Esse é o retrato do futebol carioca atual. Uma caricatura cruel daquele que já foi o melhor do país.