Não é de hoje que o Vasco de Ricardo Sá Pinto aposta na estratégia de, ao ter solidez defensiva, explorar o contragolpe para surpreender o adversário. Mas faz tempo que o plano não surtir efeito virou rotina.
Tudo o que foi arquitetado diante do Grêmio deu errado. Em ritmo de treino, o time gaúcho passeou: fez 4 a 0 ao natural. Mesmo com três zagueiros e por vezes com uma linha defensiva de cinco atletas, o time de São Januário esteve exposto. Além disso, não criou chance clara de gol.
Resultado: foi presa fácil em uma goleada que poderia ter sido mais elástica. O time continua na zona do rebaixamento do Brasileirão (é o 17º, com 24 pontos), e o presidente Alexandre Campello sofre pressão por demitir o técnico português. Por ora, ele está mantido.
Nos 90 minutos, o Grêmio fez quatro gols. E teve 22 finalizações ao gol de Fernando Miguel - cinco chances claras e outros dois gols corretamente anulados. Um número considerável diante de um time que foi para se defender - importante contextualizar que na rodada anterior o Vasco levou 4 a 1 do Ceará, ou seja, sofreu oito gols em dois jogos. A ideia de o Vasco ser reativo não funcionou. Por alguns motivos:
Neste cenário, o Vasco ficou encaixotado no campo defensivo. O Grêmio teve 54% de posse de bola, e a apatia tomou conta dos vascaínos. Os alas Léo Matos e Neto Borges não conseguiram proteger os zagueiros. Os volantes Marcos Junior e Leo Gil foram nulos na saída de bola. E, assim, Talles e Gustavo Borges viraram meros espectadores da partida.
Chegou a dar pena de Benítez. O argentino correu, mas ficou isolado no lado direito. Melhorou um pouco quando se deslocou ao meio. Insuficiente, claro, para fazer frente ao Grêmio.
Não à toa Sá Pinto mexeu no intervalo. Sacou Castan e Marcos Junior. Queria com Ricardo Graça ter uma melhor saída de bola da defesa e um homem capaz de articular melhor as ações ofensivas com Juninho. Não funcionou. Rapidamente, em sete minutos, o time levou dois gols e afundou.
É verdade que há poucas opções no elenco. O time carece de melhor qualidade. Porém, necessita de melhor organização coletiva. E urgentemente do retorno de Cano. Sem ele, a luta contra o rebaixamento será muito mais difícil.