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Opinião: Vasco, a garra dos anos 70 está de volta

Que jogo incrível. Não um primor de técnica. Bem longe disso. Mas foi dramático. Disputado tufo a tufo do gramado. Nervos à mostra. Tensão por todos os cantos. E, como na quarta-feira, o Vasco conseguiu o resultado que precisava e chegou à inédita final da Copa do Brasil. O placar final de 1 a 1 premiou quem teve mais calma, mais raça e mais organização. A garra, principalmente, fez a diferença. Foi ela que compensou as deficiências vascaínas. E , com certeza, ela não apareceu do lado tricolor, principalmente nos últimos 15 minutos, para compensar o nervosismo, a falta de pernas e também de organização do Fluminense no momento decisivo da partida. Um jogão. Épico. E cujo resultado foi comemorado como título pelo Vasco. Do outro lado, os tricolores sofreram o baque e é praticamente inevitável que não apresentem seqüelas nas próximas rodadas do Campeonato Brasileiro.

Como foi o jogo? Enlouquecido. Como explicar o jogo? Vamos tentar (sob a minha ótica). O primeiro tempo foi a réplica da primeira partida, na última quarta-feira. O Fluminense dominou o tempo todo, teve a posse de bola durante muito mais tempo, mas chutou pouco. E quando conseguiu, não aproveitou. Atrapalhou-se por falta da afobação e do último passe, que, invariavelmente, vinha com deficiência. Um chute fraco de Rogério. Outro de Tuta, desequilibrado. E o perigo era maior mesmo nos escanteios cobrados por Petkovic.

Do outro lado, o Vasco apostava na tática da semana passada. Todos atrás, e contra-ataques rápidos, puxados pela cadência de Ramon, pela habilidade de Morais e sempre em busca da velocidade de Valdiran e Edílson. Após algumas ameaças, uma jogada foi encaixada aos 32 minutos. Um golaço. Contra-ataque sensacional. Edílson para Morais. Edílson recebeu de volta e, de primeira, tocou para Vagner Diniz. Ele achou Valdiran livre. O atacante limpou a jogada, manteve a calma e soltou a bomba: 1 a 0. Valdiran não marcava há sete jogos e quebrou o jejum numa jogada, toda ela, de alto nível.

O segundo tempo, até os 30 minutos, foi completamente diferente. Era a chance de o Fluminense fazer o placar que precisava. Com 30s, Paulo César de Oliveira errou feio. Marcão chutou errado, a bola bateu na mão de Vagner Diniz e ele marcou pênalti. Petkovic bateu, tocou na trave e entrou: 1 a 1. O Vasco recuou demais e não encaixou mais os contra-ataques. A pressão tricolor era forte. Cláudio Pitbull, Marcelo, Evando. O Fluminense, mesmo aos trancos-e-barrancos, criou chances. E não aproveitou. No meio dessa blitz, houve um pênalti em Igor. Mas absolvo PC. Difícil ver o lance com a quantidade de jogadores à frente. É o pênalti que, dependendo da colocação do árbitro, só a tv mostra. Mas foi.

A pressão era forte, mas as pernas começaram a refugar. Rogério, de novo, morreu. Petkovic, também. Tuta disputou uma partida horrorosa. Oswaldo de Oliveira foi para o tudo ou nada. A partir dos 35, ficou com cinco atacantes em campo: Pitbull, Evando, Tuta, Lenny e Adriano Magrão. Foi um desastre. O Fluminense não se achou mais. Sequer chutou a gol com o quinteto (por sinal, Parreira, apesar de tricolor, deve ter ido dormir orgulhoso). Um horror a reta fina tricolor.

Enquanto isso, o Vasco se aproveitou e passou a mandar no jogo. Com dois atacantes: Edílson e Ernani. Pênalti idiota de Thiago em Ernani. Edílson chuta para fora. Um torcedor calibrado cai da arquibancada. Graças a Deus, não houve nada demais com ele. No fim, Morais chutou na trave. Uma doideira. Após 180 minutos, o Fluminense errou demais, dominou muito, criou pouco e fez apenas um gol - de pênalti. O Vasco fez da luta o seu carro-chefe, errou pouco na defesa (uma exceção), seu técnico mostrou mais controle sobre o time (uma surpresa) e a inédita vaga na final acabou em São Januário.

Vasco x Flamengo na final da Copa do Brasil? Ou Vasco x Ipatinga? Hoje à noite saberemos. Mas decisão só depois do Mundial da Alemanha. Parabéns ao Vasco e aos vascaínos. A garra dos anos 70 está de volta. E, como na década já distante, ela às vezes resolve.

Ah, para terminar: por que o Vasco não jogava assim com Romário? Talvez o lema dos três mosqueteiros explique. É só trocar o 3 pelo 11.

Fonte: Blog de Jorge Luiz Rodrigues - Globo Online
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