Para quem pretendia treinar a equipe para a dura tarefa de tirar o bicampeonato da Copa do Brasil do maior rival, na quarta-feira, o Vasco foi muito mal. O futebolzinho mostrado pelo time na sofrida vitória sobre o Atlético Paranaense não é, nem de longe, o de um campeão nacional. O técnico Renato Gaúcho vai ter muito trabalho nas próximas horas para evitar um incômodo penta vice.
O primeiro tempo em São Januário me remeteu a uma frase das mais lamentáveis na recente história política brasileira, quando o deputado cassado Roberto Jefferson disse que seu colega José Dirceu despertava nele os \"instintos mais primitivos\".
Foi exatamente isso o que o jogo despertou em mim nos 45 minutos iniciais. A partida estava dura. Dura de ser assistida. Para vocês, leitores, terem uma idéia do que foi o jogo, o único jogador aplaudido pela torcida foi Fabio Braz. O zagueiro-zagueiro vascaíno era o único que mostrava a raça, a vontade, o brio que a torcida quer ver na quarta-feira.
Cabia a Fabio Braz puxar os contra-ataques do time. Não é piada, é sério. Edilson, que sofreu um pênalti (não marcado por PC Oliveira) aos três minutos, sumiu do jogo ao ponto de levar uma caneta sensacional de João Leonardo. Morais não dava o ar da graça. Ramon, se pedíssemos para tomar conta de duas tartarugas, uma fugiria por debaixo de suas pernas. Valdir Papel não conseguia acertar um lance sequer.
Na única boa jogada, Danilo tirou de orelha um gol de cabeça de Edilson, após belo centro de Wágner Diniz. A bola bateu na trave e, na volta, Valdir Papel (coitado dele!) isolou.
A segunda etapa começou animadora. Morais, logo no primeiro minuto, fez um golaço sensacional.
Driblou três adversários e fuzilou o goleiro. Com raiva. Como a torcida pede e o momento exige.
Mas em vez de o Vasco acordar, quem o fez foi o Furacão. O RubroNegro paranaense tomou conta da partida e obrigou o goleiro Cássio a fazer duas defesas sensacionais, uma delas numa bomba soltada por Dênis Marques, que havia vencido a dupla de zaga vascaína na corrida.
A torcida vascaína ia à loucura, no mau sentido, com o desempenho do time. Estava escrito, como numa novela mexicana, que o gol do Furacão sairia. E não deu outra.
Evandro cobrou falta pela esquerda e o atacante Herrera, que mais parece o personagem Pedro, o Escamoso, empatou a partida, aos 38 minutos. Mas a novela mexicana não se transformou em tragédia grega. Aos 44, pertinho do fim, Andrade acertou um tiro no canto de Cléber e decretou a vitória vascaína. Já pode aposentar Ramon na missão de cobrar faltas.
O futebol foi ruim, mas a vitória traz tranqüilidade para que Renato Gaúcho trabalhe e acerte o time até quarta-feira, quando, aí sim, o time vai ter de mostrar qualidade para brigar pela Copa do Brasil.