Semana passada, aqui neste site da ESPN Brasil, escrevi que o Vasco x São Paulo em São Januário seria um jogo de risco. A rigor, me baseava na partida Vasco x São Caetano, em 2000, lá mesmo no campo do Vasco, decidindo o Campeonato Brasileiro, que terminou com o desabamento do alambrado, torcedores feridos e acabou interrompido e levado Para o Maracanã. Desta vez, felizmente, não houve problemas mais graves.
Mas o Vasco, querendo tirar partido do fator campo, insistiu em levar o jogo para São Januário, numa tarde em que o Maracanã ficou sem utilização. Qual teria sido o objetivo do Vasco? É claro como água que o clube de São Januário queria pressionar o líder absoluto com méritos São Paulo, vencer o jogo e tornar ainda mais fácil, pelo menos, a sua classificação para a Taça Libertadores da América em 2008. E não foi bem isso o que ocorreu.
Além de perder por 2 a 0, o Vasco, mesmo com o estádio lotado, só conseguiu abrigar 20 mil pagantes, até porque a construção é antiga, inaugurada em 1927. Em poucas e resumidas palavras: o Vasco foi derrotado e ainda perdeu dinheiro com uma arrecadação que poderia ser muito maior.
Escrevo isso porque tenho um exemplo em mãos. Com muito menos torcida do que o Vasco um clube nitidamente popular o Botafogo, quando encarou o São Paulo (também perdeu pelo mesmo placar) levou ao Maracanã 47 mil torcedores pagantes, o que lhe rendeu, ao menos, o consolo de colocar um dinheirinho no bolso embora tenha decepcionado sua torcida.
Tenho a mais concreta e absoluta das certezas de que se o Vasco (leia-se Eurico Miranda) tivesse levado a partida para o Maracanã, colocaria, no mínimo, 50 ou 60 mil pagantes. E (quem sabe?), talvez, num gramado maior, tivesse derrotado o São Paulo e estaria em excelente situação na classificação.
Não quero diminuir São Januário, o principal estádio do Brasil de 1927 a 1940 quando surgiu o Pacaembu e, 10 anos depois, o Maracanã. Mas o estádio do Vasco já não comporta um clássico como o que disputou com o tricolor paulista. O Vasco, em minha opinião, neste Campeonato Brasileiro, pode usar São Januário para jogos de menos apelo, como Juventude, Sport, Náutico, Paraná só para citar estes quatro clubes pois aí o fator campo terá influência decisiva, por parte dos gritos e estímulo de sua imensa torcida.
Mas o São Paulo? Venhamos e convenhamos...
Honestamente, por mais que me esforce, não acredito que o Vasco (insisto para que todos leiam Eurico Miranda) mude seu comportamento. Sempre que puder, levará seus jogos sejam quais forem em que tiver o mando de campo para São Januário. E o São Paulo, mesmo praticando um número exagerado de faltas sem que Simon tomasse a menor providência, saiu vitorioso de um estádio que já foi um alçapão vascaíno. Hoje, não.
(*) Detalhe: quando o ônibus do São Paulo chegou a São Januário foi apedrejado. O entorno do estádio é ruim, formado por ruas estreitas e não dispõe de estacionamento. Por que a teimosia? Por quê? Como carioca, não consigo entender essa política antiquada.