O protocolo de saúde elaborado para quando for possível a retomada do futebol no Rio de Janeiro é, realmente, um documento muito bem feito pelos médicos dos clubes cariocas.
Tem doze páginas, uma análise sensata do histórico da Covid-19, explicando as formas de contágio, e gráficos que ilustram o desenvolvimento da pandemia.
Mas, prestem bem atenção, é só um relatório sugestivo da Federação carioca (Ferj) "sugerindo medidas protetivas" a serem adotadas após a liberação dos órgãos governamentais e organizações de saúde pública.
Não tem caráter oficial, nem tampouco efeitos regulatórios.
Será então um acordo tácito, que deverá ser cumprido pela gente que estará sob o risco – jogadores, comissões técnicas, quadros de arbitragem e funcionários estratégicos.
Mas algo que pode funcionar em países desenvolvidos – como a Alemanha, por exemplo.
Não no Brasil.
E, ainda mais, no combalido futebol carioca.
É pomposo dizer que o relatório segue as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde (MS), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB).
Só que a pergunta a ser feita é: quem fiscalizará o cumprimento das normas?
E que tipo de pena terá o clube que burlá-lo?
É perfeitamente factível imaginar que o Flamengo, por exemplo, possa isolar seus jogadores e integrantes essenciais do departamento técnico em regime de concentração a partir dos testes rápidos programados pela Ferj.
Mas e os de menor investimento?
Seus jogadores poderão cumprir as normas de segurança sugeridas?
Todos têm carro?
Condições de levarem o material de treino para a casa, encarregando-se da lavagem de camisas, calções, meiões, caneleiras?
Vejam abaixo as partes mais importantes do documento e tirem suas próprias conclusões.
São tantas mitigações, e tão pouco controle, que custo a crer num retorno tão cedo.
A menos, de fora segura...