A vitória do Vasco sobre o Lanús por 2 a 1 ficou marcada pelas vaias e xingamentos do torcedor vascaíno ao técnico Cristóvão Borges. As reclamações começaram quando Felipe foi retirado de campo para a entrada de Fellipe Bastos, desmanchando o meio-campo com a presença de Felipe e Juninho que iniciou a partida. Pena que a torcida não soube reconhecer a bela engenharia montada pelo treinador para escalar os dois veteranos juntos.
O 4-3-3 REFORÇA OS LADOS
Com a presença de duas referências técnicas na região central do gramado, o Vasco corria o risco de afunilar demais o seu jogo. A escalação com Felipe e Juninho deixa o setor de meio-campo mais frágil, o que obrigaria Cristóvão a prender mais os seus laterais, pela falta de homens mais defensivos para a cobertura de Fagner e Feltri.
Como fazer, então, para que o Vasco tivesse força também pelos lados do campo? A solução veio no 4-3-3 montado pelo treinador, abrindo Eder Luis pela direita e Diego Souza pela esquerda. O camisa 10 ainda derivava do flanco para o meio e abria espaço para eventuais subidas de Feltri.
A disposição dos jogadores no gramado permitiu a aproximação entre um e outro pelo lado do gramado. Fagner e Feltri raramente iam à linha de fundo, mas subiam o suficiente para aproximarem-se do meia e do ponta de seu lado para que existissem opções de passe curto e possibilidade de triangulações.
A VELOCIDADE COMO ARMA DEFENSIVA
Um claro déficit que o Vasco precisava compensar era a capacidade limitada de marcação de seu meio-campo. Uma das soluções para o problema foi a utilização da velocidade de alguns jogadores vascaínos para assegurar uma boa recomposição defensiva da equipe.
Eder Luis sempre retornava como uma bala pela direita, às vezes compensando equívocos de Fagner no setor. Feltri fazia o mesmo pelo lado esquerdo. No meio-campo, Romulo, que para um primeiro volante tem boa mobilidade, era um monstro na marcação até sentir a lesão.
Com isso, o Vasco teve razoável segurança defensiva na maior parte do jogo. Os erros que acabaram sendo decisivos para que o time sofresse o indesejado gol foram mais individuais, de Fagner, do que coletivos. Como equipe, o Vasco postou-se bem.
NADA DE ABSURDO NA SUBSTITUIÇÃO
Seria fácil condenar totalmente a substituição de Cristóvão, sacando Felipe para a entrada de Fellipe Bastos. Uma olhada no desempenho da equipe pré-mudança, comparada com outra pós-mudança, mostra uma queda de rendimento do time depois da troca.
Mas não dá para ser tão superficial na análise. O Vasco já caía de ritmo quando Cristóvão chamou Fellipe Bastos. Faltava mais mobilidade ao meio-campo, algo que o camisa 21 poderia dar ao setor. Se a substituição fosse feita antes da marcação do gol, a chiadeira não seria tão forte.
O problema é que ela veio logo após o Lanús diminuir o marcador e, assim, ficou retratada como um símbolo da falta de ambição do treinador. O clima que se instalou no São Januário a partir daí teve muito a ver com a queda vertiginosa da equipe. Será que Fellipe Bastos é tão pior que um Felipe cansado para justificar a performance ruim do time depois da troca? Mais sensato é acreditar que os murmúrios passaram da arquibancada para o campo, como não deveria ser, mas muitas vezes acaba sendo inevitável nesse tipo de situação.