Os melhores ataques da história do Brasileiro, um dos clássicos com a maior média de gols dos últimos tempos. Mas, no Morumbi, ontem, estavam em campo um dos piores ataques da Série A e um time saudoso de bom futebol e do genial Romário, 41... Bastaram 1min52s para o São Paulo acertar o pé, e o gol. Num belo lance do ala Ilsinho (o melhor no primeiro tempo) e corta-luz inteligente de Aloísio, Borges acabou com o jejum dos atacantes tricolores: desde 25 de abril (gol de Aloísio contra o Audax/CHI), um atacante são-paulino não marcava.
Foram 654 minutos de jejum.
Pela facilidade doada pela zaga vascaína (e pelo meio-campo, e pelo ataque...), 1 a 0 foi pouco. O São Paulo não precisou ser brilhante para fazer 2 a 0. Repetindo o W.O. da goleada sofrida diante do embalado e entusiasmante Botafogo, o ex-líder cedeu o segundo gol, em cortesia de Guilherme, que matou uma bola que não precisava e tocou no fogo para Amaral fazer ainda pior, doando o segundo gol a Borges.
Mas tinha mais São Paulo. Ou menos Vasco: Amaral fechou com chave de chumbo sua atuação e foi expulso. Roth fez o que poderia: sacou Abedi (mais preocupado em marcar os volantes rivais que ser marcado por eles) e colocou Júnior para tentar fechar o rombo.
O passe vascaíno continuou errado.
A ponto de a melhor chance em todo jogo ter sido um recuo de Breno para Rogério Ceni. Que jogou praticamente como o último zagueiro, a todo momento empurrando o São Paulo para cima. Pena para o jogo que o mandante tenha passado o segundo tempo esperando o Vasco, e perdendo a chance de ampliar o placar, e aplacar as críticas.
Roth melhorou o time, armando o Vasco num 4-2-2-1, com André Dias na frente (depois García, e, por último, Leandro Amaral). Muricy até adiantou André Dias, muitas vezes como um ala pela direita, deixando Breno e Miranda na zaga. Com uma linha de quatro no meio, e, por vezes, outra de quatro no ataque (Ilsinho e Hugo nas pontas, e Borges e Aloísio por dentro). Na teoria, um time todo no ataque. Na prática, um jogo chato, com equipes errando muito.
Souza deu um brilho quando obrigou Sílvio Luiz a fazer bela defesa, no seu primeiro lance. Ou único.
De um jogo que mostrou que o São Paulo pode e deve melhorar no Brasileirão. O problema é que o Vasco não deve melhorar a ponto de voltar à liderança com futebol tão frágil para uma equipe desfalcada de apenas três titulares.
Por Mauro Beting