Tem sido mesmo difícil achar argumentos para não apontar o São Paulo como iminente bicampeão brasileiro. As quedas de Vasco e Botafogo, aliás, minaram as emoções na disputa pelas vagas na Libertadores. Mas tem havido, nos últimos jogos, um fenômeno interessante e que traz atrativos consideráveis: todas as equipes que enfrentam os são-paulinos têm jogado verdadeiras decisões, pagando a partir disso os lucros ou prejuízos pelos resultados colhidos contra o líder do campeonato.
O primeiro a provar do veneno e, dos prós e contras da situação, foi o Botafogo. Tenso, o time de Cuca disputava a liderança do campeonato com o São Paulo. Em alta, definiu a vitória sobre o time de Muricy como a auto-afirmação que necessitava para ser mesmo decantado como o primeiro do Brasil. A derrota, a expulsão de Túlio e o que aconteceu de lá pra cá, ainda que tenham havido outros fatores como o doping de Dodô e a trágica noite no Monumental de Nuñez tornaram cinzento o horizonte botafoguense, de confiança jamais recuperada.
Quem também se abalou após perder do São Paulo foi o Vasco. Em São Januário, foi o time que mais envolveu a equipe de Muricy Ramalho no Brasileirão. Bolas na trave, pressão e chances desperdiçadas foram as marcas do jogo, porém vencido pelos líderes por 2 a 0. Até o início da partida, os cruzmaltinos eram quarto colocados. De lá pra cá, caíram vertiginosamente na classificação. Só a vitória contra o Botafogo melhorou as coisas. Antes, já eram 11º e tinham um aproveitamento de 6% desde a derrota fatídica.
Os jogos mais sintomáticos, porém, foram contra Flamengo e Corinthians. No Maracanã, o Fla recebeu mais de 60 mil torcedores, em noite onde o clima de decisão era notório. A disposição dos flamenguistas, de pretensões já mortas no torneio, foi incrível, assim como a segurança e a confiança adquirida após a vitória que colocou fim ao incrível período invicto do São Paulo. O Corinthians, de moral e auto-estima ínfimas, se engrandeceu e mudou completamente o astral após a vitória e o fim do tabu no clássico contra o São Paulo.
Vale, ainda, mencionar o duelo do Beira Rio. Contra o Internacional, os são-paulinos também foram sufocados e oprimidos pelo maior volume de jogo dos gaúchos, campeões do mundo, mas de campanha modesta e decepcionante no Campeonato Brasileiro. A atmosfera de final também esteve presente no estádio do Colorado, assim como a desilusão pela virada e conseqüente derrota puseram uma pá de areia nas pretensões do time de Abel Braga.
Estádios cheios, vibração excessiva, pressão adversária. Apenas algumas das situações que têm encontrado o São Paulo, que teve também jogo duro contra o Fluminense. Fatos que, se somados, contabilizam méritos para a façanha são-paulina. Ainda que falte alguém capaz de se aproveitar dos naturais pontos perdidos pelo time de Muricy Ramalho.