Há um movimento nos bastidores do Vasco para que Alexandre Campello seja substituído. Ainda na base da ideia, opositores conversam e pensam sobre um possível afastamento do atual presidente antes do dia 22 de julho, metade do mandato, para que haja uma nova eleição, e o cargo não seja ocupado por Elói Ferreira de Araújo, vice-geral do clube.
De acordo com o Estatuto Social do Vasco, "no caso de vacância na direção de qualquer dos Poderes, proceder-se-á a nova eleição se ainda não houver decorrido mais da metade o prazo estabelecido para o mandato". Por isso, os conselheiros, se a ideia virar ação, precisarão correr contra o tempo.
A ideia ainda é embrionária e discutida por membros de diferentes grupos de oposição. O primeiro passo é aprovar a criação de uma comissão de sindicância contra Campello.
Existe uma mobilização entre conselheiros para viabilizar isso, mas não é a primeira vez - no dia 30 de abril, o Conselho Deliberativo se reuniu para conhecer outras denúncias contra Campello, mas decidiu não instaurar a sindicância. Na ocasião, o presidente conseguiu mobilizar boa parte dos beneméritos a seu favor e saiu vitorioso.
Alexandre Campello, presidente do Vasco — Foto: Bruno Giufrida/GloboEsporte.com
Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Vasco se reúne para analisar novas denúncias contra Alexandre Campello, que podem acarretar na abertura de uma comissão de sindicância para apurar possíveis irregularidades.
Dependendo do resultado dessa possível sindicância, o presidente poderia ser afastado. O processo não seria dos mais rápidos, no rito normal.
No documento assinado por Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo, consta a denúncia feita por 60 conselheiros de que Campello demitiu cerca de 200 funcionários e não honrou os acordos judiciais, acarretando um prejuízo de aproximadamente R$ 4 milhões ao clube. A diretoria nega (veja mais abaixo).
Um nome que circula nos bastidores para possivelmente disputar uma nova eleição é o de José Luís Moreira, antigo diretor de futebol do Vasco. O ex-dirigente é considerado um nome de consenso, mas é aliado a Alexandre Campello e teria de abrir mão da "parceria".
Além disso, Moreira está na Europa e longe das discussões pessoalmente. Fontes próximas consideram improvável que ele aceite.
A reunião do Conselho Deliberativo que discutirá a sindicância está marcada para o dia 3 de junho, próxima segunda-feira, na sede náutica do clube, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio de Janeiro. A previsão é de que comece às 20h.
Vasco respondeu sobre denúncias
A denúncia sobre o possível prejuízo do Vasco em multas foi publicada pelo GloboEsporte.com em 21 de março. Na época, a diretoria cruz-maltina negou a situação e divulgou uma nota. Confira:
"Sobre a pesquisa realizada no site do Tribunal Regional do Trabalho, que indicou um total de 66 processos, com valor de R$ 3.500.634,37, prestamos os seguintes esclarecimentos:
•Esse valor se refere ao total dos acordos e não a parcelas em atraso;
•O Clube hoje tem um total de 140 acordos trabalhistas em vigor;
•Desde o dia 13 de março o Clube vem realizando o pagamento de todos os acordos vigentes até fevereiro;
•Nos dias 14 e 19 de março o Clube teve suas contas bloqueadas, o que impossibilitou qualquer pagamento;
•No dia 18 de março houve nova audiência no Tribunal Regional do Trabalho, na qual foram repactuados 40 acordos, dos quais 95% já se encontram com suas parcelas pagas até fevereiro;
•Hoje 99% dos acordos se encontram quitados até fevereiro. Aqueles ainda não quitados tratam de pessoas com problemas de bloqueio e limite excedido em suas contas pessoais.
Em atenção específica à possível temeridade citada pelos três sócios, entendemos que temerário, sim, seria o Clube continuar a acumular dívidas superiores a sua arrecadação. Com o controle das despesas seguido à risca por esta gestão, foi possível executar apenas 83,5% dos custos orçados para o exercício de 2018, representando uma economia para os cofres do Clube de R$ 37 milhões e criando maior equilíbrio em suas contas, que se encontravam fragilizadas ao longo dos anos.
O Vasco deixa claro que as despesas diretamente ligadas a pessoal constituem o maior ônus por exercício, e sem um rígido controle sobre elas é impossível a qualquer tempo sanar o problema de geração de caixa do Clube."