A reunião do Conselho Deliberativo do Vasco terminou sem vencedores. A pauta - votação das contas do primeiro ano de gestão de Alexandre Campello - ficou em segundo plano depois que a reunião, que tinha 212 presentes, descambou para a confusão generalizada entre os conselheiros.
Otto de Carvalho Júnior foi um dos responsáveis por incendiar o clima da sessão. O membro do Conselho Fiscal, defensor da aprovação das contas de 2018, foi o quarto conselheiro a falar. Antes, Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo, deu voz para que o presidente Alexandre Campello e outros três conselheiros falassem a respeito das contas.
Edmilson Valentim, presidente do Conselho Fiscal, que recomendou a reprovação do balanço, começou. Em seguida, João Marcos Amorim, vice-presidente de finanças do Vasco, defendeu os números da gestão. Em seguida, o conselheiro e contador Antônio Miguel também falou para defender a reprovação.
Depois, foi a vez de Otto trazer à tona o problema político entre Alexandre Campello e dois grupos com quem ele rompeu - a Sempre Vasco e a Identidade Vasco:
- Antes de mim veio um monte de gente com uma fala arrastada. Eu cheguei e acabei com a reunião. Eu "desci a porrada" no Julio (Brant, da Sempre Vasco). Lembrei dos problemas que o pessoal teve com o Campello e disse que aquilo ali era tudo política. E falei que eles tinham de aceitar, que o Campello era o presidente e que se eles querem assumir o clube, precisam esperar até a eleição de 2020. Acabou.
Depois disso, a coisa começou a sair do controle. A Sempre Vasco, que pretendia falar em seguida, não conseguiu. De acordo com Julio Brant, líder do grupo, a ideia era sugerir que a votação fosse adiada para que as ressalvas que constam no balanço apresentado fossem sanadas.
- Nosso intuito era a discussão técnica. Queríamos aproveitar a reunião do Conselho para tentar uma agenda técnica para o Vasco, que fosse algo que pudesse resolver o balanço do Vasco, dar uma solução, uma saída para que a diretoria pudesse resolver as questões das ressalvas. Mas depois que um conselheiro (Otto de Carvalho) teve a palavra e trouxe questões políticas que não tinham nada a ver com o momento, a coisa se perdeu. Uma tristeza - afirmou Brant.
Rafael Landa, conselheiro do grupo Casaca, pediu a palavra depois de ser citado por Otto de Carvalho Júnior, e foi atendido por Roberto Monteiro. Antes que ele pudesse falar, a vice-presidente geral, Sônia Andrade, trouxe uma questão de ordem, solicitando que fosse cumprido o estatuto do Vasco, que diz que depois de quatro pessoas deliberarem sobre um determinado tema, era preciso que os conselheiros fossem consultados a respeito, para dizerem se já se sentem prontos para votarem.
- O Monteiro faz isso sempre, ele tenta prolongar ao máximo as reuniões. Ele tenta desgastar as pessoas, para que elas decidam ir embora. Nós queríamos que tivesse votação, tínhamos a maioria - afirmou o presidente Alexandre Campello: - Quando a Sônia trouxe a questão de ordem, o Monteiro mandou que fosse cortado o microfone dela. Em seguida, eu falei que era para ser ligado e ficou a discussão.
Roberto Monteiro não respondeu o chamado da reportagem para comentar as declarações de Campello. Com a confusão já instaurada, Eurico Brandão, fillho de Eurico Miranda e que defendia a reprovação das contas, trocou xingamentos com Alexandre Campello e teve de ser afastado por seguranças e outros conselheiros. Em seguida, Monteiro decidiu pelo cancelamento da reunião.