Joel Santana subiu as escadas do vestiário e entrou no gramado de São Januário. Da arquibancada, ele ouviu o coro:
"uh, uh! Papai chegou! Uh, uh, Papai chegou!"
Sério, compenetrado e com a velha prancheta a tiracolo, ele pareceu alheio à alegria. Queria vencer. Dito e feito. Com os 2 a 0 sobre o Luverdense no placar, ele deixou o gramado sob o mesmo grito. E, feliz, elogiou a equipe. E deu até nota para a atuação sem maiores sustos.
"O grupo foi determinado, aplicado. Primeiro tempo eles foram uma vez no nosso gol, depois começaram afoitos. Aí a gente acalmou e fomos bem. A nota é 9", disse Joel.
O vaivém dos óculos no rosto demonstrava inquietude no banco de reservas. Mas os braços erguidos com o primeiro gol, do zagueiro Rodrigo, demonstravam alívio. De volta ao futebol, Joel Santana traz consigo a malandragem aprendida dentro e fora das quatro linhas em quase cinco décadas de carreira no mundo da bola. E preferiu não levar os méritos da noite todos para si.
"Vamos dividir o resultado com o ex-técnico que estava aqui (Adilson Batista). Não faço nada sozinho. Pelo contrário. O pouco tempo que tivemos eles procuraram desenvolver o que estávamos precisando. É importante no futebol a equipe jogar agrupada, sério. Sem querer brincar, fazer aquele algo mais, enfeitar. A equipe foi muito equilibrada", elogiou Joel Santana.
A preocupação agora é com o futuro. Embora tenha se consolidado no G4 da Serie B, com 38 pontos, um abaixo do líder, Joinville, e quatro acima do quinto, Ponte Preta, a maratona de jogos a cada três dias já o temeroso. Pela frente, o Vasco tem o Atlético-GO, no próximo sábado, em Brasília, e depois o Oeste, na Arena Amazônia, em Manaus, na próxima terça-feira.
"Vamos ter de ir lapidando jogo a jogo, trabalho a trabalho. O tempo é curto. Não podemos trabalhar como gostaríamos. Existem viagens longas, vamos ter uma agora assim. Temos de dar equilíbrio à parte física", disse Joel Santana.
O elenco vascaíno se reapresenta na tarde desta quinta-feira, às 15h30, em São Januário.