Uma reviravolta digna de um filme de suspense. Literalmente entre idas e vindas, Benítez acertou sua permanência no Vasco por mais seis meses, em uma negociação que necessitou de muita paciência por parte do novo presidente do clube, Jorge Salgado, e de habilidade e perspicácia do novo diretor-executivo de futebol, Alexandre Pássaro.
Também atravessando problemas financeiros, o Independiente (ARG) - clube que detém os direitos econômicos do meia - bateu o pé durante meses dizendo que não aceitaria um novo empréstimo e deixou claro que só negociaria o jogador mediante o pagamento da multa rescisória prevista em contrato: US$ 4 milhões (cerca de R$ 21,6 milhões).
Antes da eleição presidencial, coube ao atual presidente, Alexandre Campello, fazer as tratativas. Na ocasião, chegou-se a um acordo em relação a valores para compra. Porém, a negociação travou após o dirigente afirmar preferir uma definição no processo eleitoral para saber se o futuro mandatário estava de acordo com o alto investimento, dada a crise financeira do Vasco.
Em meio a batalha judicial que se criou na eleição cruzmaltina, o candidato Leven Siano se reuniu com o empresário de Benítez e anunciou um acerto para a compra caso se tornasse presidente.
Veio então a decisão judicial dando a vitória no pleito a Jorge Salgado, e o candidato da chapa "Mais Vasco" preferiu adotar uma postura diferente, de mais pés no chão, admitindo que tentaria negociar, mas somente se fosse numa prorrogação por empréstimo, respeitando a situação dos combalidos cofres cruzmaltinos.
Paciência de Salgado e ajuda de vascaínos
Em meio a críticas de quem entendia que se fazia necessário o investimento pela compra de Benítez, Jorge Salgado manteve a paciência no negócio, mesmo com a pressão do Independiente afirmando que o meia tinha propostas de clubes do exterior.
Neste meio tempo, vascaínos fora do ambiente de negócios da bola, mas com contatos, fizeram uma ponte entre o jogador e seu estafe com o grupo de Salgado. Estavam ali retomadas as conversas.
Pássaro tem papel fundamental
A contratação de Alexandre Pássaro para o cargo de diretor-executivo de futebol também pode ser considerada fundamental para o desfecho. Articulador, fluente em três línguas e ciente da situação favorável do ponto de vista burocrático — uma vez que o jogador só poderia atuar no Vasco no eixo Brasil-Argentina neste período - ele passou a costurar o novo empréstimo e "amoleceu" os dirigentes do Independiente, que também não viram chegar em suas mãos propostas oficiais de outros clubes.
A prorrogação do contrato até o fim do Campeonato Brasileiro, que já seria boa e mais econômica, se tornou ainda melhor, com o cenário da extensão até junho, mediante o pagamento de US$ 250 mil (cerca de R$ 1,3 milhão).
No acordo, a opção de compra segue mantida em US$ 4 milhões (cerca de R$ 21,6 milhões) por 60% dos direitos econômicos. Caso outra equipe faça uma oferta oficial neste período, o Vasco será obrigado a cobri-la ou igualá-la.
Pássaro, por sua vez, que já havia causado uma boa impressão inicial, ganhou pontos internamente em seu começo no clube.
Regularização simples
Como o contrato anterior se encerrou em 31 de dezembro de 2020, Benítez ainda está com seu registro no Brasil, uma vez que há um prazo de 15 dias após o fim do vínculo. Portanto, com o Vasco finalizando os últimos trâmites burocráticos do novo empréstimo, bastará ao clube reativá-lo no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF.
Benítez estava na Argentina, mas seu retorno ao Rio de Janeiro é aguardado no fim de semana. Ontem ele postou um vídeo em seu Instagram fazendo churrasco e com a legenda "despedindo da Argentina". Durante este período, ele manteve a forma de maneira particular.