Em meio à selvageria que tomou conta da Arena Joinville, dois anos atrás, o desespero dos torcedores de verdade podia ser resumido em uma só imagem. Preso bem no centro da batalha campal entre as organizadas de Vasco e Atlético-PR, um homem tentava salvar o filho, de apenas 7 anos. Os dois foram ajudados por um atleticano e conseguiram deixar o estádio sem se ferir. Mas ficaram muito tempo sem retornar.
- Eu levava meu filho à porta da Arena, mas tinha que voltar porque ele não entrava, ficava com medo. Não só de estádio, mas de qualquer aglomeração de pessoas - conta Marco Aurélio dos Santos, pai de Marcos Vinícius: - Depois de quase dois anos trabalhando forte em cima, indo a psicólogo, agora ele está mais tranquilo. Foi voltando aos poucos a ser como era antes.
Apesar do trauma e da apreensão que cerca o jogo de hoje, Marco - torcedor e sócio do Joinville - pretende prestigiar o time, confiando que a barbárie não se repetirá.
- Na verdade, a Arena sempre foi segura. Se puxar o histórico, nunca aconteceu algo como aquilo na região. Naquele dia, além da presença dos selvagens, vi falta de policiamento pela primeira vez na vida. Havia apenas seguranças de empresa privada. Nunca mais vi isso aqui, eles não vão errar novamente - aposta.
Mas os corações de Marco Aurélio e Marcos Vinicius ficarão divididos.
- Meu pai era vascaíno, passou esse amor para mim e eu passei para meu filho. Ele gosta pra caramba do Vasco. Mas, na verdade, também torcemos para o Joinville, até por morarmos ao lado da Arena - explica Marco Aurélio, assegurando, porém, que ficará bem longe da área destinada aos cruz-maltinos: - Se eu for mesmo ao jogo, vou na torcida do Joinville. A maioria dos que viajam para acompanhar o Vasco fora de casa é de torcidas organizadas. Acho que elas deveriam acabar.