Um grupo formado por 128 pessoas, incluindo atletas e treinadores paraolímpicos, procura um novo clube para defender depois de ser demitido pelo Vasco da Gama. São atletas de futebol de 7, de natação paraolímpica e de vôlei sentado. Na primeira modalidade, disputada por atletas com deficiência física oriunda de paralisia cerebral, o Vasco é pentacampeão brasileiro. Nas outras duas, foi a terceira força do país em 2019.
"Todos da equipe paraolímpica fomos pegos de surpresa, mas o que nos alivia é que o ano que vem é outro ano e tenho certeza que portas vão se abrir, como já estão abrindo. É só uma fase difícil. A única certeza que tenho é que as 148 pessoas que foram dispensados vão continuar juntas seja aonde for", diz a nadadora Camille Rodrigues.
Ela é uma das atletas paraolímpicas mais conhecidas do país. Amputada na perna direita, foi um dos destaques do Brasil no Pan de Guadalajara, em 2011, e, em 2016, estrelou edição especial da Playboy lançada antes dos Jogos do Rio. Dançarina, chegou a participar do balet do Fantástico e acumula 234 mil seguidores no Instagram.
Depois de seis anos, se viu desempregada quando, no último dia 14, o Vasco anunciou à técnica dela, Lívia Prates, coordenadora de toda a equipe paraolímpica, que o departamento seria fechado em São Januário. Camille foi demitida, com a promessa de que, ao longo dos próximos meses, vai receber todo o valor de rescisão. Além dela, outros 20 atletas tinham contrato em carteira assinada desde 2016, forma de o Vasco atender a legislação que exige uma cota de funcionários portadores de deficiências.
"Não tem como não ficar chateada, pois tínhamos uma linda historia dentro do clube e a cada ano que passava essa história era mais expressiva. O Vasco já vem enfrentando uma fase difícil há anos e há anos estávamos la fazendo nossa parte. Pode ser que sejamos menos visto que o futebol, o que é normal, afinal estamos dentro de um clube que o esporte principal é ele. Acho que fomos mandados embora por briga politica a má administração, não por sermos um esporte supérfluo ate porque dávamos mais resultados que muitos esportes la dentro", opina.
O grupo negocia para se transferir junto para um novo clube. De acordo com o Vasco, entre salários, custos trabalhistas e despesas esportivas, como inscrições e viagens, todo o departamento custava R$ 1 milhão ao ano. Boa parte deste custo poderia ser coberto por Lei de Incentivo ou por repasses do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), mas o Vasco não consegue acesso a esses recursos porque não tem Certidão Negativa de Débito. Quando tinha a certidão, recebia mais de R$ 600 mil ao ano do CBC.
Absorver a equipe pode ser positivo para o Flamengo, por exemplo. Novo edital do CBC, lançado este mês, prevê que clubes que apresentarem projetos paraolímpicos receberão um bônus de 15% sobre o valor destinado por um edital anterior, de 2017. Nele, o CBC se comprometeu com R$ 4,9 milhões ao clube rubro-negro.