Segunda contratação mais cara da história do clube alemão, atacante do Vasco vai chegar numa equipe que costuma apostar na juventude. "Vai crescer muito mais", garante Jorginho
Paulinho e seu estafe acreditam terem feito uma escolha certeira ao aceitar a proposta do Bayer Leverkusen, da Alemanha. Não foi por falta de opção que a joia do Vasco escolheu o clube. Afinal, outros gigantes, como Real Madrid e Bayern de Munique, tinham demonstrado interesse em seu futebol. Mas ele optou por um menor. Mas por quê?
Aos 17 anos, Paulinho, a família e o empresário, Carlos Leite, acreditavam que não seria uma boa aceitar uma proposta de um gigante europeu. O atacante não quer, por exemplo, ser emprestado a outra equipe depois de deixar o Vasco - como seria bem possível se ele fosse ao Real Madrid, para pegar experiência.
O projeto apresentado pelo Bayer Leverkusen agradou muito Paulinho e seu estafe. Um médico do clube alemão, inclusive, viajou ao Brasil para acompanhar a situação do jogador, que se recupera de uma fratura no braço esquerdo.
Ficou acertado na última quarta-feira que o clube alemão vai pagar 20 milhões de euros (cerca de R$ 85 milhões) pelo atacante do Vasco - o contrato só poderá ser assinado a partir do dia 15 de julho, quando ele completa 18 anos.
No Leverkusen, Paulinho vai encontrar uma equipe repleta de jogadores jovens - a média de idade do atual elenco, por exemplo, é de 24,7 anos. E o técnico Heiko Herrlich, que reúne experiência em categorias de base, tem o costume de colocar a garotada para jogar. Para ter uma ideia, aqui estão os números na temporada 2017/18 dos três atletas mais novos do time:
Leon Bailey (20 anos), atacante - 31 jogos (2.263 minutos em campo), 12 gols
Panagiotis Retsos (19 anos), zagueiro - 26 jogos (1.721 minutos em campo), 1 gol
Kai Havertz (18 anos), atacante - 32 jogos (2.200 minutos em campo), 4 gols
Além disso, Paulinho chegará com a alcunha de segunda contratação mais cara da história do Bayer Leverkusen empatado com o atacante Kevin Volland, que custou os mesmos 20 milhões de euros quando saiu do Hoffenheim na última temporada. O argentino Lucas Alario, vendido pelo River Plate por 24 milhões de euros em agosto do ano passado, lidera essa lista.
- O Paulinho vai crescer muito mais ainda. Pelo potencial. É veloz, forte. O Bayer é uma equipe que há muitos anos faz excelentes campeonatos, mesmo sendo uma equipe considerada pequena na Alemanha. Mesmo no ano passado tendo feito uma Bundesliga bem razoável, é uma equipe muito forte. Encontrou um jovem treinador, está com um sistema de jogo muito bem definido. (O Paulinho) Vai ajudar muito - afirma Jorginho.
O ex-jogador defendeu o Bayer Leverkusen entre 1989 e 1992 e conhece o atual treinador.
- Joguei três anos com ele (Heiko Herrlich), foi meu companheiro de quarto. Há três anos estava no sub-17 do Bayer, foi mandado embora. Assumiu um time de quarta divisão do futebol alemão. Subiu para a terceira, subiu para a segunda e foi para o Bayer. Está fazendo um trabalho maravilhoso. É um companheiro, um amigo. Já me visitou no Brasil, estávamos sempre juntos.
Um dos motivos que contribuíram para o acerto é o fato de que o Bayer Leverkusen é uma grande vitrine no continente europeu. Vale lembrar, por exemplo, que jogadores como Ballack, Arturo Vidal e Zé Roberto vestiram a camisa do time da Baviera antes de deslancharem em clubes maiores - por coincidência, os três foram vendidos para o Bayern de Munique.
Na Alemanha, a hegemonia é toda do Bayern de Munique, atual hexacampeão da Bundesliga - em sua história, o máximo já alcançado pelo Leverkusen foram cinco vice-campeonatos. Mas a equipe costuma frequentar as competições europeias: participou 11 vezes da Liga dos Campeões e 14 da Liga Europa.
Na atual temporada, é verdade, ficou fora de ambas porque terminou o Campeonato Alemão em 12º lugar. Mas está na quarta posição no momento, com 51 pontos, a dois do Hoffenheim (quinto) e a quatro do RB Leipzig (sexto). Na Alemanha, os quatro primeiros vão para a Liga dos Campeões, enquanto o quinto e sexto colocados jogam a Liga Europa.
- Até mesmo pela estrutura que o Bayer tem e pela experiência que tem de receber brasileiros, para ele vai ser muito bom. Ele não terá pressão de cara, de dar tudo certo, de ser o cara. Se ele fizer um bom campeonato, já está muito bom para o Bayer. Isso já diminui muito essa pressão, porque o Bayer nunca foi assim na história. Nunca dependeu de um só jogador, sempre foi a equipe. Eu acho que é um pensamento interessante do empresário e do Vasco. Se o Paulinho tiver a mesma trajetória que teve aqui até agora, ele vai para grandes clubes - concluiu Jorginho.