Com raras aparições em coletivas de imprensa do Vasco este ano, o gerente de futebol Paulo Angioni foi o bombeiro do dia em São Januário. Além das confirmações das rescisões de Marcinho e Douglas Silva, da suspensão de Bernardo, o dirigente disse que o clube olha ao mesmo tempo com carinho e agressividade para o mercado. A diretoria não admite mudança de planejamento após o início ruim na competição, mas o susto dos primeiros seis jogos após o título carioca faz o Vasco sair um pouco do teto salarial de R$ 150 mil pré-estabelecido.
Com habilidade e cuidado com as palavras, Angioni disse que a intenção desde o início da temporada era “encorpar” a equipe para o Brasileiro. O gerente vascaíno admitiu, porém, que os primeiros resultados “aceleraram” essa busca. Ele ainda relativizou o alto número de contratações - lembrando que vieram muitos jovens, que estão na categoria sub-20, casos de Bruno Ferreira e Matheus Índio, que ainda podem render no futuro - e disse que há injustiça na análise geral dos jogadores que chegaram para 2015.
- Alguns meninos vieram e estão com a base e às vezes se rotula de forma não racional essa condição, dizendo que alguns jogadores não aconteceram. Por exemplo, o Erick (Luis, atacante que estava no Bragantino e agora foi para o Boa Esporte) nós entendemos que deveríamos arrumar outro clube para ele, mas é um caso em que continuamos apostando. O Matheus Índio é outro em que acreditamos muito que no futuro próximo dará resultado. Então, não é só olhar o número cheio. “Vasco contratou 30 jogadores, cinco deram certo e 25 errado”. Acho que há uma coisa exagerada. Não se pode rotular de forma definitiva, é preciso análise feita com calma, senão depois ficam impregnados rótulos que não são verdadeiros. Mas alguns não deram certo realmente - admitiu Angioni.
Fundamental nas chegadas de Dagoberto e de Gilberto, o gerente de futebol vascaíno participa de reuniões com a diretoria e também tem a missão de contratar reforços para o time. Com oferta de nomes na mesa, mas com disponibilidade financeira limitada, o Vasco toma cuidado para não errar novamente nas apostas, o que terminou acontecendo com Marcinho. A saída do jogador, contratado como referência técnica da equipe por Eurico Miranda, abre espaço para jogadores mais caros. Angioni disse que o presidente tem sido "agressivo" atrás de soluções para o time.
- A saída de Marcinho dá uma folga, mas não necessariamente significa que vão chegar contratações no Vasco. O presidente se mostra agressivo nesse assunto para buscar reforços, quer o equilíbrio o mais rápido possível e não está medindo esforços para isso apesar das dificuldades recentes e de todo o esforço que tem sido feito para honrar compromissos e saldar o passivo do clube - afirmou o gerente de futebol.
Psicólogo por formação, Angioni, que tem mais de 30 anos de estrada e passagens anteriores pelo Vasco, além de experiências vitoriosas no Palmeiras, Flamengo e Corinthians, deu caráter mais suave à notícia do afastamento de Bernardo - "englobei todas as situações para ele não achar que estava sendo injustiçado, conversei com a parte superior do processo e tomamos essa iniciativa" - e só mostrou incômodo quando foi questionado a respeito da situação de Doriva no Vasco, deixando claro que não há discussão sobre possível demissão do treinador.
- Isso poderia mudar um pouco, esse conceito (pergunta sobre demissão de treinador). A mesmice incomoda demais. Uma adversidade está no pacote, todo mundo tem dificuldade no campeonato e se toda vez que tiver esse processo de inconsistência no resultado começar esse negócio de "vai sair", "não vai sair"... Isso é chato demais. Se não tem qualquer comunicação diferente disso, ele está tranquilo. Se não tomei qualquer ação é porque ele está garantido. Agora, se todo dia responder se fica, se não fica... - ponderou Angioni.