O treinador Paulo César Gusmão, que, com a assistência e indicações de Gaúcho, apostou em Dedé em meados de 2010, após sua chegada, quando o jogador era bastante criticado pela torcida vascaína (sobretudo durante a intertemporada em Mangaratiba durante a Copa do Mundo de 2010, depois da qual o Mito disparou rumo a ser eleito o \"Craque da Galera\" no Campeonato Brasileiro), concedeu entrevista à Rádio Globo durante o programa Esporte@Globo na noite desta sexta-feira (19/04).
O treinador ressaltou o trabalho feito com o jogador durante o seu trabalho no clube em 2010 (foi demitido em 2011 após um péssimo começo de Taça Guanabara). PC Gusmão também ressaltou como uma grande tacada a contratação de Anderson Martins junto ao Vitória para a temporada de 2011, considerando como uma ajuda ao próprio Dedé.
PC Gusmão faz um balanço de Dedé no começo de sua trajetória em São Januário, em muitos momentos com muita afobação:
- O carinho que a torcida tem pelo Dedé é muito grande. A torcida do Vasco carecia já há algum tempo de um ídolo. Mesmo sendo zagueiro, com talento e carisma, a forma que vestia a camisa. É impressionante, treinando muito. Era até chamado de trapalhão por causa da volúpia e da vontade, o que a gente gosta muito, como se lutasse por um prato de comida. Ia de forma afobada algumas vezes, o que procuramos corrigir da melhor maneira.
Por outro lado, o grande \"boom\" de Dedé veio após a saída de PC, com o título da Copa do Brasil e o vice-campeonato brasileiro com Ricardo Gomes e Cristóvão Borges. PC comenta essa guinada na carreira desde a chegada vindo do Volta Redonda:
- A gente viu um rompimento meio que precoce: ele em pouco tempo conseguiu de junho de 2010, quando cheguei, a abril de 2013, uma carreira curta pra conseguir tudo que conseguiu. Conquistou um enorme carinho a torcida. Ainda o apelido, ninguém chama ninguém de \"mito\" à toa. Foi tudo conquista dele.
Paulo César Gusmão fala da saída para o Cruzeiro, ressaltando a grande receptividade que o zagueiro teve em Belo Horizonte (devido à forma como se deu a troca de clubes, com muito esforço por parte do Cruzeiro):
- A forma como ele saiu e pelo clube a que está chegando (trabalhei muito tempo lá, conheço)... A torcida e o clube vão abraçá-lo por todo o esforço que envolveu sua contratação. O clube vai dar condição diferente da que tinha no Vasco (estrutura, dar tudo o que o atleta precisa no dia a dia). Tenho certeza de que na partida pqra Belo Horizonte ele saiu do Rio de Janeiro muito triste, mas, com a chegada e o carinho que recebeu, tenho certeza que isto fez com que ele já se sentisse de uma forma diferente.
PC Gusmão ainda falou sobre seleção brasileira, ressaltando que não vê nenhum zagueiro que atue pelo lado direito melhor do que o \"mito\". O ex-treinador vascaíno acha que o jogador tem potencial de ir além de apenas compor o grupo de convocados. PC também fala sobre a decisão do jogador de permanecer no Brasil.
- Se voltar no tempo, eu sempre, logo que vi o desempenho, fui um dos maiores incentivadores da convocação, por tudo que o Brasil vinha passando, um processo de reformulação. Principalmente no setor em que ele joga. Ele queria ficar dentro porque a Copa é aqui dentro e ele sabe das condições. Vejo como forte candidato de atuar dentro da equipe, não só no grupo. Não falo que o Felipão deva escalar, mas pelo lado direito não vejo ninguém melhor que o Dedé, até porque, nas poucas vezes que o vi jogando na seleção, ele não sentiu o peso, jogou como joga no Vasco. Para alguns pesa tanto, vi vestindo a camisa da seleção da mesma forma que a do Vasco. Esse sentimento de ficar no Brasil também pesa para disputar a Copa, e também a família. Menino muito apegado à família, a sua mãe, que sempre esteve em São Januário quando podia. E fica próximo, continua no Brasil. Jogadores trocam de clube dentro do Brasil, às vezes com ganho financeiro igual ou até maior que na Europa. Não vejo essa necessidade um atleta sair do Brasil.
*Transcrição por João Luiz Mota