De férias, em dezembro, Pedro Ken subiu pela primeira vez num pranchão de stand up paddle, prática de surfe com remo que virou moda em algumas praias do Brasil. O jogador, que ainda estava emprestado ao Vitória, passava o restante de seus dias de folga em Caraíva, no sul da Bahia. No encontro do mar com o rio, preferiu o lado sem ondas e ficou de pé com facilidade. Meses depois, o jogador do Vasco voltou a se arriscar em águas cariocas. Com duas amigas, ele fez a primeira aula de stand up paddle no Rio. Mas o resultado - ainda - não foi o mesmo.
As marolas e a dificuldade para ficar em pé tornaram as analogias entre o desequilíbrio de Pedro no mar de Copacabana e o momento irregular do Vasco quase tão obrigatórios quanto os trocadilhos com o sobrenome Ken do jogador. Mas ele não se faz de rogado e espera em pouco tempo mostrar a mesma evolução dentro de campo e dentro do mar.
- Será que depois de um ano vou ficar em pé e remar assim? - questionou Ken para a amiga Roberta Simões, uma psicológica de 29 anos que pratica o esporte há mais tempo e tentou ensinar o jogador do Vasco.
Em campo, Pedro Ken foi quem mais apareceu com a camisa do Vasco em 2013. No Estadual, foram 17 jogos, sendo quatorze como titular. O meia jogou mais recuado e mais à frente, conforme Gaúcho, primeiro, e Paulo Autuori, pediram. Fez um gol no clássico contra o Flamengo e mostrou que pode ser muito útil nesta temporada.
Morador do Leblon, o curitibano é apaixonado por praia desde pequeno. Tanto quanto o gosto pessoal, hoje a passagem pelas areias e pelo mar depois dos treinos e jogos virou uma \"desculpa\" para aliviar a tensão da carreira de jogador.
- O atleta de futebol vive sempre sob muita pressão, muita cobrança. Nos momentos de folga é bom estar num lugar que te propicia umas horinhas tranquilas, uns lugares bonitos, como o mar no Rio - disse Pedro, pouco depois de sair da água.
Em ação num dos maiores clubes do Brasil, a oportunidade de jogar no Rio, para Pedro, é um sonho. Como turista, sempre gostou de visitar a cidade. No fim do ano passado, antes de saber que seria emprestado pelo Cruzeiro ao Vasco, passou alguns dias curtindo a Cidade Maravilhosa.
- É uma cidade top no Brasil, no mundo. Tem muita opção para lazer. Moro perto da praia, sempre gostei da Zona Sul. É bom que posso fazer quase tudo a pé - disse Pedro, que recusou a Barra da Tijuca e comemorou a opção.
- Os meus amigos do Vasco sofrem com o trânsito para São Januário - brincou Pedro, que não encontrou companhia ainda no Vasco para o SUP (abreviação do esporte praticado com prancha e remo). Por enquanto, quem a ajuda é a amiga Roberta. Na \"aula\" na praia de Copacabana, ela pedia para o jogador, assim que subisse na prancha, que estabilizasse toda a superfície do pé na prancha.
- Para mim é mais difícil botar o pé inteiro na prancha. Meu corpo é maior, o pé é maior e na hora que ia remar perdia a estabilidade. Antes eu fiz no rio em Caraíva, era mole, porque não tinha marola, nada - lembrou o jogador do Vasco, que foi poupado de provocação da amiga rubro-negra.
- Nem falei nada porque meu time também anda numa fase complicada - brincou ela.
Há uma semana da estreia do Brasileiro, Ken reforçou o que todo o time está dizendo: não pensamento em fugir do rebaixamento em São Januário. Para Pedro, as dificuldades do início do ano vieram naturalmente por um grupo que foi formado às pressas para disputar o Carioca.
- Esse tempo de treino está sendo ótimo para todos se preparem sem a pressão dos jogos, dos resultados - disse o \"surfista\" do meio de campo vascaíno.