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Pedro Seixas detalha projeto para São Januário: 'Um caldeirão moderno'

Nesta terça-feira (18), o Vasco vai se encontrar com investidores na Bolsa de Valores do Rio. Em pauta mostrar para o mercado financeiro o profissionalismo e a transparência, apresentando números e projetos do clube para o futuro. Dentre eles, o plano diretor para modernizar e revitalizar o Complexo Esportivo de São Januário, além da construção de um Centro de Treinamento. O responsável por pensar nessas questões é o vice-presidente de obras de engenharia e patrimônio, Pedro Seixas. Em entrevista exclusiva ao Esporte 24 Horas, o dirigente afirmou que tudo que está sendo feito, respeita a história do estádio.

“É um projeto que respeita a história do Vasco, valoriza a história do Vasco. É um projeto feito por vascaínos e para os vascaínos, para colocar o Vasco no lugar que ele merece e que é de direito, também com relação ao estádio, que tem uma história tão bonita, mas a gente acabou ficando para trás no tempo. Então é precisa recuperar e resgatar isso”.

Em cinco meses de trabalho, Pedro Seixas revelou que sentiu falta de um planejamento para o futuro. Basicamente, tudo foi pensado do zero.

“Eu percebi logo de cara a carência de projetos, que deveria vir até antes do nome do cargo que eu ocupo. Para ter obras é preciso ter um projeto. É claro que a gente tem um carro em movimento e não podemos parar. Então temos algumas intervenções que são mais relacionadas a operação, que a gente precisa melhorar, mas também precisamos de um plano para a longo prazo, um plano para o futuro”.

Mudanças já são vistas

De uns meses para cá, algumas mudanças aconteceram. O painel com ídolos do passado e do presente, virou cartão postal dos torcedores. Algumas obras também estão em andamento, como a reforma das cabines de imprensa e dos banheiros da social. A tendência é que em 2019, mais intervenções irão acontecer.

“A proposta foi ter um plano diretor mirando o final de março. Acontece que as coisas foram encaixando tão bem, que hoje poderemos fazer uma apresentação com cara de projeto, mas a intenção é um plano diretor, que com certeza vai empolgar. A gente quer comunicar, até dentro desse princípio de transparência, mostrar o que já foi feito até aqui e o que tem de plano para a frente, dentre as pautas para o futuro”.

O líder do projeto

Todo o planejamento pensando na modernização das sedes do Vasco, possui o aval do presidente Alexandre Campello. O mandatário é um dos mais empolgados com os projetos que estão sendo produzidos. Pedro Seixas é o  mentor, mas uma figura importante em toda a questão não faz parte da diretoria. Trata-se do arquiteto Sergio Dias, que foi escolhido para liderar o projeto. Pedro Seixas explicou os motivos para isso.

“A pessoa que a gente convidou para liderar esse processo é o Sergio Dias. Não tinha nome melhor para a função do que ele. Além da experiência em projetos de grande porte, ele é um vascaíno de terceira geração, inclusive o avô dele foi um dos fundadores, senão o principal fundador do futebol do Vasco, que foi Albertino Moreira Dias, que era o presidente do Lusitânia, na época que se fundiu ao Vasco, nascendo o futebol do clube. Então o Vasco está no sangue do Sergio e quando ele pega o projeto para trabalhar é com muita raça, muita paixão. A gente poderia até encontrar um vascaíno que trabalharia com o mesmo entusiasmo, porém mais do que ele não”.

Engenharia financeira usando como exemplo a construção de São Januário

De acordo com Pedro Seixas, o Vasco vai precisar de R$ 200 milhões para modernizar São Januário. No entanto, esse valor engloba todo o complexo, como ginásio, prédio administrativo e estacionamento, não só o estádio em si.

“Dentro desse plano, a intenção é desenvolver e resgatar o convívio da família vascaína em São Januário, o uso social do clube e não apenas estádio. A gente está falando na ordem de R$ 200 milhões, só que eu não estou falando de estádio. Aqui estamos falando também do clube social, outros esportes englobando o ginásio. Uma torre administrativa. Um estacionamento com 1200 vagas, superior ao número de vagas do Maracanã. 50% das vagas dentro de São Januário e a outra metade no terreno que fica em frente a entrada das sociais”.

Ginásio de São Januário foi repaginado recentemente. (Foto: Rafael Ribeiro | Vasco)

Pedro Seixas explicou que provavelmente o dinheiro sairá de um Fundo Imobiliário, que poderá ter a participação de todos os vascaínos, remetendo à construção do estádio, em 1927.

“Falando de São Januário, a direção muito provavelmente que a gente vai seguir é a de uma estruturação de um Fundo Imobiliário. Esse talvez seja o modelo mais interessante para a gente trabalhar, mas isso ainda vai ser melhor discutido e desenvolvido. É uma forma de você oferecer um investimento que pode dar retorno para quem participar. De certa forma nos remete a década de 20, na época da construção de São Januário. Talvez aquele tenha sido um dos primeiros fundos imobiliários do Brasil e é como se tivéssemos repetindo o passado. Na mesma linha tem a discussão de outros projetos, como a construção do Centro de Treinamento e reformas das sedes da Lagoa e do Calabouço”.

Continuar sendo um estádio e o fim dos “puxadinhos”

A promessa da diretoria é modernizar São Januário sem que o estádio perca a essência. Pedro Seixas afirmou que o conceito de arena pode assustar os torcedores, porém não há necessidade disso.

“São Januário é um estádio de futebol e vai continuar sendo. Eu tenho evitado usar o termo arena porque ele toma outras conotações, mas para mim não faz muito sentido. Como todo estádio de futebol ele estará preparado para outros eventos. O conceito é esse. Repito, é um estádio de futebol e continuará sendo. Dentro desse projeto a gente consegue manter essa história, trazendo a modernidade”.

Com a modernização de São Januário baseado em um projeto sólido, Pedro Seixas afirmou que a era de “puxadinhos” no estádio chegou ao fim.

“São Januário é um estádio e como estádio, entendo que precisa ser modernizado. A gente precisa priorizar a operação. Então existem algumas intervenções dentro dos muros mesmo, mas também no entorno do campo, da arquibancada, que são para priorizar isso. Isso passa por um plano diretor, que é definir essas premissas, esses conceitos de projeto, a direção do projeto. Já temos um norte e com isso eu consigo fazer intervenções pontuais já mirando nessa direção. Por exemplo, se for fazer algo na social, eu já vou trabalhar em algo definitivo, acabando com os “puxadinhos”. Acaba com essa história de desperdício”.

“Um caldeirão moderno”

A modernização de São Januário passa também pelo aumento de sua capacidade. Atualmente o estádio suporta cerca de 22 mil torcedores. De acordo com Pedro Seixas, o planejamento é ter condições de abrigar uma final de Libertadores. Para isso, o tão sonhado anel será fechado.

“Hoje o número que a gente tem é superior à 40 mil lugares. O plano é ter pelo menos 50% do estádio ainda com caracterísitca de arquibancada popular, de cimento. O vascaíno vai ver um projeto moderno e um caldeirão. Um caldeirão moderno”.

Além do aumento da capacidade com o fechamento do anel, a ideia é aproveitar a parte superior da social. O local atualmente possui o problema da visibilidade por conta das colunas. A ideia é dar fim a isso construindo camarotes. No entanto, Pedro Seixas garantiu que a fachada vai seguir de pé.

“Acima de qualquer tombamento, tem o tombamento do Vasco. Não tem a menor chance da fachada não ser preservada e restaurada. Ela será valorizada dentro desse projeto. Mas tem a questão da visibilidade da parte superior das cadeiras da social. A gente vai resolver qualificando essa área, levando os camarotes para lá. Preservando a parte inferior da social e fazendo os camarotes no nível superior, mantendo toda aquela área, sua estrutura e sua história”.

Estrutura perfeita

Pedro Seixas revelou também que apesar da idade, a estrutura de São Januário está em perfeitas condições e será mantida no projeto feito. Com isso vai se ganhar tempo e reduzir os custos.

“Um dos pontos fortes desse plano e foi uma das primeiras coisas que discutimos foi manter ou não a estrutura existente. É impressionante o bom estado, a saúde dessa estrutura, que é quase centenária. A gente está falando de uma estrutura de concreto armado que tem 91 anos. Então montamos um projeto aproveitando a estrutura, especialmente da social e da leste (cabines de imprensa), que é mantida no projeto. Isso nos permite uma redução de custo e uma agilidade para planejar a obra, ganhando tempo. Ainda não está definido, mas podemos fazer as intervenções com o estádio em funcionamento”.

Entorno e parcerias

Um dos grandes problemas de São Januário é o entorno do estádio. Essa questão passa também pela Prefeitura e pelo Governo do Estado. Entretanto, para Pedro Seixas, o próprio clube tem em mãos a solução, que é derrubar os muros, fazendo o lugar respirar.

“O entorno de São Januário é um problema e a gente precisa que a Prefeitura resolva isso. Não tem transporte público e a vizinhança é um pouco hostil. Mas a solução do entorno está nos muros de São Januário. A gente tem muros que parecem uma prisão. Isso vai para o chão. A gente vai abrir o estádio e fazer ele respirar”.

Além de conversas com as autoridades, Pedro Seixas afirmou que o Vasco mantém conversas com tudo o que há nos arredores de São Januário, buscando firmar parcerias.

“Temos mantido uma proximidade com a Prefeitura. Já tivemos conversas com o novo Governo do Estado, com portas abertas e muito boa receptividade para fazer essas intervenções. Conversamos com a associação de moradores da Barreira do Vasco. O presidente da associação comercial de São Cristóvão já esteve aqui com a gente. A CEDAE também tem algumas instalações no entorno que podem ser beneficiadas. O CADEG é um outro equipamento que faz todo sentido para São Januário. A ideia é se unir em prol de melhorias”.

Centro de Treinamento

Além de todo o planejamento para transformar São Januário em um estádio moderno, a diretoria também pensa na construção de um centro de treinamento. O clube está próximo de conseguir dois terrenos em Vargem Grande. De acordo com Pedro Seixas, o local será destinado para os profissionais e também para a base.

“Hoje o Vasco está na reta final para conseguir a confirmação da Prefeitura na cessão de dois terrenos em Vargem Grande para a contrução do Centro de Treinamento. São cerca de 120 mil m². Um CT completo para os profissionais e base, que é o sonho do departamento de futebol”.

Apesar de estar próximo de conseguir a cessão junto à Prefeitura, a construção do CT vai demorar alguns anos. Segundo Pedro Seixas, o orçamento inicial gira em torno de R$ 50 milhões

“A gente já tem um estudo preliminar, com análise de aproveitamento. Só que esse projeto tem um complicador geo-técnico muito importante e impactante. O solo precisa ser praticamente construído. É um terreno com solo mole, argiloso, que precisa de um tratamento geo-técnico para poder fazer o aterro. Então não é simplesmente jogar terra. Fazendo isso só vai fazer mais lama e isso estende o prazo para o projeto. Esse CT fica mais para longo prazo, ficando pronto em 3 a 4 anos. O orçamento fica em torno de R$ 45, R$ 50 milhões”.

Fonte: Esporte24Horas
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