A eleição do Vasco continua na Justiça. Nesta quinta-feira deve se iniciar a perícia da chamada "urna da discórdia", aquela que teve 475 votantes e foi separada das demais devido a uma ação judicial. A partir daí, diversos cenários podem se desenvolver até que haja uma decisão definitiva.
Enquanto isso, o clube homologou o resultado da votação, contabilizando os votos da urna separada. Desta forma, a chapa "Reconstruindo o Vasco", de Eurico Miranda, ficou em primeiro lugar, com 2.111 votos. Em segundo chegou a "Sempre Vasco Livre", de Julio Brant, com 1.975 - mas o grupo não reconheceu o resultado e se recusou a assinar a ata.
Entenda o que vai acontecer:
Como será feita a perícia da urna?
De posse dos 475 nomes que votaram nela, o perito judicial vai cruzar os dados com a lista de 691 sócios. Esta relação foi elaborada pela oposição, numa ação de autoria da chapa de Fernando Horta, "Mudança com Segurança". Nela estão os associados que entraram entre os meses de novembro e dezembro de 2015.
Em dado momento, pode ser pedido ao Vasco que comprove o pagamento e a adimplência destes sócios. A diretoria se mantém confiante de que tudo será provado. A oposição acredita que estes associados estão irregulares.
É possível comprovar este pagamento?
Segundo o conselheiro fiscal Diego Carvalho, um dos responsáveis por elaborar a lista, não há registro de mensalidades na contabilidade do Vasco. Entretanto, as contas de 2015 foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo do clube.
- O Conselho Fiscal não contabilizou a entrada de recursos dessa galera na conta do Vasco. A associação em si não é ilegal. O problema é que não há comprovação de recursos de grande parte destas pessoas. A ideia era tirar todo mundo, votar em urna separada, e depois pedir para o clube mostrar quem pagou e quem não pagou.
Julio Brant vai participar desta ação?
A chapa de Brant avalia a entrada do candidato como assistente na ação de Horta. Afinal, ele tornou-se um terceiro interessado no tema. No momento, esta é a possibilidade mais forte de ocorrer.
- A gente ainda está definindo a melhor estratégia a ser tomada. Estamos tentando medir bastante os próximos passos. Mas vamos até o fim - disse Renato Brito, um dos advogados da "Sempre Vasco Livre".
Qual a previsão para uma decisão da Justiça?
Não há prazo para isso. O que se sabe é que o juízo pediu urgência na concepção do laudo do perito. De posse desse laudo, será tomada uma decisão.
O que acontece se a urna for impugnada?
Como o voto é secreto, a decisão invalida todos os votos desta urna ou valida todos eles. Não é possível separá-los. Isso também pode gerar possíveis ações posteriores de sócios que se sintam prejudicados por ter o voto invalidado.
Caso a decisão seja pela impugnação da urna, Julio Brant ficaria em primeiro lugar. Na contagem com as demais urnas, ele somou 1.925 votos, contra 1.683 de Eurico.
Há alguma outra ação em curso?
Sim. Uma ação de autoria de Renato Brito pede que um disco rígido, com dados do cadastro de sócios do Vasco, seja entregue para análise. Nele, estariam informações de pagamentos dos sócios, o que ajudaria a cruzar os dados com a lista de votantes. Um recurso desta ação será julgado na próxima terça-feira.
O que diz a chapa de Julio Brant?
- A chapa entende que o Vasco descumpriu a decisão judicial, na medida em que contabilizou os votos da urna separada, somando aos votos das demais. Além disso, homologou o resultado da eleição. Na nossa opinião, há um flagrante descumprimento da decisão - disse Renato Brito, advogado da chapa.
O que diz a diretoria do Vasco?
Eurico Miranda não se mostrou preocupado com a possível impugnação. Após o anúncio de sua vitória - contabilizando os votos da urna separada -, ele minimizou a questão. Ainda durante a apuração, pessoas da diretoria garantiam que o clube teria condições de comprovar os pagamentos.
- Não vejo risco algum. Ser anulado por quê? O sócio vem, vota e depois tem voto anulado? O resultado está proclamado. Lugar de chorar é na praia, que é lugar quente - disse Eurico.