Cria do Desportivo Brasil, o meia Carlinhos, que defendeu o Vitória de Setúbal-POR na última temporada europeia, está próximo de ser anunciado pelo Vasco. Nascido em Camacan, na Bahia, o atleta de 26 anos fez sua carreira profissional praticamente toda fora do país, com passagens por Suíça, Portugal e Bélgica.
Para apresentar o reforço vascaíno à torcida, o ge entrou em contato com o treinador espanhol Julio Velázquez, que o comandou de novembro de 2019 a junho de 2020 em Portugal. Carlinhos participou de 20 dos 21 jogos em que Velázquez esteve à frente do Vitória de Setúbal e marcou quatro gols.
- É destro, um jogador de qualidade e com uma boa capacidade de passe. E é muito bom nos chutes a gol também. Fico muito contente de chegar a uma grandíssima equipe. Fica confortável com a bola nos pés, tem um ótimo chute de fora da área. Ele precisa estar perto da bola - afirmou o espanhol de 38 anos.
Velázquez, que decidiu deixar o Setúbal por não concordar com as convicções da diretoria que assumiu em janeiro passado, já conhecia Carlinhos há cinco anos. Haviam se enfrentado quando ele dirigia o Belenenses e o baiano defendia o Estoril. O espanhol aponta que o pupilo cresceu muito por ter desempenhado diversas funções, mas crê que Carlinhos rende mais como um camisa 8.
- É um jogador que evoluiu muito conosco. Eu o conhecia muito por sua passagem no Estoril e em outras equipes. Evoluiu muito conosco porque jogou em diversas posições. Para mim, sua posição é a de 8. Pode jogar também de 10 e em algumas situações jogou como trinco (primeiro volante) - prosseguiu Velázquez, que também treinou Udinese-ITA, Villarreal-ESP e Betis-ESP.
Confira outros tópicos da entrevista com Velázquez:
Posicionamento em campo: misto entre um 8 e um 10
- Normalmente conosco, que costumamos jogar no 4-3-3, ele jogava por dentro, como um 8. Teve uma grande evolução em nível tático, físico e na compreensão do jogo. É um rapaz que cresceu muito. Fico muito feliz por ele porque é um bom rapaz, trabalhador e que tem muita vontade de aprender e melhorar. Para mim, é um misto entre um 8 e um 10, jogando pelo corredor central.
- Ele é um jogador do corredor central, que joga entre o trinco (cabeça de área) e o 10. Fica confortável com a bola nos pés, tem um ótimo chute de fora da área. Conosco fez gols, teve possibilidades de fazer até mais, porém é um jogador que, pela sua idade, ainda pode evoluir muito. Ele precisa estar perto da bola.
A marcação então não é um ponto forte dele?
- Evoluiu no sentido da marcação. É um jogador mais de bola, mas na fase sem bola progrediu bastante conosco. Trabalhamos muito com ele para trabalhar nessa fase.
Em relação à velocidade: é um jogador de correr muito?
- É um jogador que entende o jogo. Jogadores como Iniesta, Xavi e Messi, que entendem o jogo, não precisam correr muito. Importante é que corra a bola. Você tem que ter um bom posicionamento, e com esse rapaz se passa o mesmo. Não se trata de correr muito, mas de correr bem.
- É um jogador que, se for preciso correr, ele corre. Mas o importante é que corram os adversários e a bola. Eu, por exemplo, tenho uma mentalidade muito propositiva. Gosto de fazer um jogo positivo, tentando jogar no campo adversário. Que corra a equipe adversária, que corra a bola e que você tenha uma boa posse de bola para causar perigo ao rival.
Em que aspectos acredita que o Carlinhos evoluiu trabalhando com você?
- Especialmente na mentalidade competitiva e melhorou fisicamente e estruturalmente. Procurou cada vez ter mais corpo para o que pede esse futebol atual. E também na capacidade de trabalho e sacrifício.
Agora você, Velázquez: com a vinda de europeus para o Brasil, como Jorge Jesus, Jesualdo Ferreira e mais recentemente Domènec Torrent, o mercado sul-americano te interessa? Gostaria de trabalhar aqui?
- Sim, totalmente. Gosto muito do futebol de vocês e desse contexto em que vivem. Olhei sempre para esse contexto do Brasil em toda a minha vida. Saíram daí jogadores excepcionais. Se tivesse uma boa opção (de trabalho no Brasil), valorizaria 100%. Gostaria muito de poder trabalhar num contexto como o de vocês.
- Vejo muito o futebol do Brasil, conheço bem os jogadores. Estive aí, conheci estádios, centros de treinamentos e gostei muito. A paixão dos torcedores é incrível não só nos 90 minutos. É antes, durante, depois do jogo e em todos os dias da semana. Futebol é paixão e se faz para os torcedores. É o país referência nesse sentido. Espero ter a oportunidade de viver isso porque me parece um país excepcional em nível de futebol.