Após uma passagem de apenas 70 dias pelo Sampaio Corrêa, do Maranhão, Petkovic está de volta ao Rio. E espera que o desemprego seja breve. O ídolo do Flamengo, que já trabalhou também no Atlético-PR e Criciúma como treinador, sente-se preparado para voos mais altos. E não tem dúvida de que o Rubro-negro um dia lhe abrirá novamente as portas.
- Que um dia vou treinar o Flamengo, voltar ao Flamengo, disso não tenho dúvida. Não é um sonho. É um fato, porque tenho minha profissão escolhida e continuo no futebol. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde - disse Petkovic, em entrevista, ao vivo, transmitida na página do Facebook do Jornal Extra, nesta segunda-feira.
Na sexta-feira, Petkovic comemora os 15 anos da conquista do título estadual de 2001, pelo Flamengo. O gol de falta, aos 43 minutos, na final diante do Vasco, marcou sua vida.
- Sou o maior ídolo do Flamengo neste século - destacou Pet, fugindo de comparações com a geração de Zico.
Pet já esteve duas vezes com um pé no Flamengo, desde que se aposentou. Em 2013, o grupo que elegeu Eduardo Bandeira de Mello como sucessor de Patricia Amorim esqueceu-se da promessa de efetivar o sérvio como diretor, feita durante a campanha. No ano passado, Petkovic esteve cotado para assumir a função de treinador, mas perdeu a briga para Cristóvão Borges.
MAIOR PARCEIRO - Aqui no Brasil, acho que o Adriano foi um deles.
BRASILEIRO DE 2009 - O time todo jogou. Houve a colaboração de todo mundo. Dizem que Pet e Adriano se destacaram. Mas se não fossem os outros 20...
PONTARIA - Eu poderia voltar a jogar, entrando aos 87, 86 minutos, para cobrar uma falta. Até hoje eu bato falta bem. Quando tenho tempo, claro que rola uma pelada de vez em quando.
CONQUISTAS - Eu era estrangeiro (risos), vim para o país do melhor futebol do mundo e consegui vingar. Isso é um motivo de orgulho. Ser ídolo de três clubes do Rio de Janeiro é um orgulho. Ser o segundo maior ídolo da história do Flamengo, depois do Zico, é um orgulho. São muitos orgulhos de conquistas.
VOLTA AO FLAMENGO - Que um dia vou treinar o Flamengo, voltar ao Flamengo, disso não tenho dúvida. Não é um sonho. É um fato, porque tenho minha profissão escolhida e continuo no futebol. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. A gente está sendo preparado para a vida. A vida nos prepara para aquilo que a gente não foi preparado. De repente, você ganha na mega-sena ou perde um parente e não está pronto para isso. Estou me preparando. Quanto mais você se prepara, mais chance tem de estar pronto. Nunca me preparei para vir para o Brasil. E vim. Estava preparado para jogar no Flamengo? E no Real Madrid? Vou me preparar a vida toda, saber mais e aprender com o passar do tempo. Lá na frente, vou ter errado e acertado mais. Não sou acomodado. Não fico na zona de conforto, que é o que mais critico nas pessoas. Não tenho nenhum medo de errar e, muito menos, de acertar. Não tenho esses inimigos dentro de mim. Vou continuar aprendendo e fazendo o trabalho da melhor maneira possível.
O MELHOR DO SÉCULO - Zico é totalmente diferente de mim. O Flamengo é o único clube que ele defendeu no Brasil, ele é prata da casa. Não posso nem me comparar ao Zico, apesar de pessoas fazerem isso e dizerem que depois dele sou o segundo ídolo. Digo que sou o maior ídolo do Flamengo neste século. Aí, aceito. Houve tantos ídolos no passado, alguns que ficaram na sombra do Zico, mas que foram melhores do que eu. Seria justo, bem coerente dizer dessa forma.
COBRANÇA - Posso ser chamado (de burro), posso ser vaiado. Já fui, como jogador. A gente passou muitos obstáculos, decepções, momentos de tristezas, para ter momentos maravilhosos. Torcida é paixão, cobrança. Não tenho medo de ser vaiado ou chamado de burro. Sei das minhas qualidades, condições, levo minhas ideias ao debate, gosto de discutir, não tenho uma verdade absoluta. Quero que meus jogadores não façam nada sem saber por que estão fazendo. Eles têm que saber por que estão fazendo desse modo. Porque assim fazem com mais convicção, mais confiança, e o resultado sai melhor.
CRISE RUBRO-NEGRA - Se o Flamengo conseguir três vitórias consecutivas, os jogadores serão considerados os melhores do planeta. O Flamengo tem um elenco... Tem Cirino no banco, Ederson, Mancuello, Felipe Vizeu. Tem elenco... Quem vai começar (como titular), aí depende do cansaço, do desgaste, do momento. Prefiro dizer o seguinte: aqui, no Campeonato Brasileiro, o segredo é ter elenco. Há um monte de jogos, com calendário desumano, muito desgaste. Vai haver baixas. Não se pode jogar cinco, seis jogos em 18 dias. Ninguém aguenta. Pet, volta a jogar futebol? Não aguento. Sou o melhor? Talvez. Mas não aguento.
CRÍTICAS - Antes, eu gostava de comentar. Agora, estando do lado dos meus colegas, técnicos, é muito difícil comentar de longe, sem saber o que está sendo feito. É muito injusto com qualquer profissional. A consequência todo mundo vê, os que entendem e os que entendem menos de futebol. Agora, quem vê a causa? Prefiro sempre ver a causa do acontecimento. Se a gente vê a causa, tem mais sucesso. É prevenir.
RODRIGO CAETANO - É muito ingrato falar sobre isso... Rodrigo é um excelente profissional. No futebol, existem dois tipos de profissional: os que estão para cair e os que foram mandados embora. Existem o treinador empregado, mas que vai ser demitido, e, também, o que está desempregado. Não existe um técnico firme. Qual é a filosofia do Flamengo? Qual é o conceito do Flamengo? Tem que criar esse conceito. Por exemplo: o Barcelona tem filosofia, conceito, um modelo que eles implantaram.
SAMPAIO CORRÊA - Fiquei lá 70 dias. Simplesmente, o trabalho foi mostrado e elogiado. O time estava jogando bem melhor, tivemos bons jogos. Até a semana passada, tínhamos aproveitamento de 80%. Aí, você perde dois jogos seguidos, cai para 60 e pouco, perde um Estadual, leva um pênalti e um gol de bola parada, e é eliminado. Conseguimos fazer muita coisa. Não tem nem médico no clube. O presidente me demitiu, me elogiando: "Mas perdemos o Estadual", ele disse. Dentro da paixão, não se pode perder o Estadual. Não saí chateado pois sabia que isso ia acontecer. Lá, não se pode perder para o Moto (Club). A rivalidade é muito grande.
TREINADOR - Qualquer um pode ser técnico. Mesmo que seja o melhor do mundo, se não tiver resultado, não presta. Quem esteve recentemente como técnico no Flamengo? Muricy, Vanderlei, Oswaldo de Oliveira...
VASCO - Hoje em dia, é o melhor time do ano. Se pensar melhor, não só do Brasil. Acho que no planeta. Procura se tem no mundo outro time invicto no mundo. Temos o melhor time do Brasil, no ano, na Segunda Divisão. Acontece.
FARRA - Qual classe não gosta de farra? A classe da igreja, né? Fui profissional. Claro que tinha meus momentos de lazer, churrasco, comemoração. É humano. Mas tudo tem sua hora certa.
VANDERLEI LUXEMBURGO - Com ele, antecipamos minha aposentadoria, que seria no fim do ano, para 5 de junho. Vai fazer cinco anos. Não fiquei triste porque já estava planejando. Eu ia assumir o cargo de diretor no Flamengo. No Flamengo, não acontecer muitas coisas é normal. Não fiquei triste, não fiquei magoado. Sabia que muitas coisas (prometidas) não aconteceriam.
FILHAS - A mais velha (que é cantora) está cantando muito, fazendo um projeto no Brasil. Sou suspeito para falar. Só cantei, quando era mais jovem, a minha mulher. Para mim, cantei bem. Para ela não sei.
DESAFIO - Não tenho preocupação. Não tive medo de ir para São Luiz, com todo o respeito, um time (Sampaio Corrêa) com falta de infraestrutura. O presidente me disse: "Não se assusta quando chegar". Eu disse: "Não tem problema. Ajudo a montar". Deixei um legado. O trabalho não me assusta. Encarei o maior desafio na vida, que só um maluco pode fazer. Fiz coisas ao contrário. Vim da Europa para o Brasil, quando todo mundo vai para a Europa. Não tenho medo de aceitar a seleção da Sérvia ou um time de menos expressão.
QUASE DIRETOR NO FLAMENGO - Quando encerrei a carreira, o combinado é que eu trabalharia como diretor lá no Flamengo. Não cumpriram. Inclusive, fiz o curso de gestor esportivo na Federação Espanhola de Futebol, que é o melhor que existe. Me preparei para isso, mas não aconteceu. Depois, antes de a chapa azul entrar no poder, também falaram isso. O BAP, o Godinho, o Wallim Vasconcellos... Tivemos uma conversa. Se ganhassem (a eleição no fim de 2012), eu seria o diretor. Ganharam, mas não fui o diretor. Trouxeram do Sul o (Paulo) Pelaipe. Não aconteceu. No ano passado, fui cogitado para assumir (como treinador): era o Cristóvão Borges ou eu. Contrataram o Cristóvão, eu fui para o Criciúma.