Phillippe Coutinho, Wellington Silva e Neymar viram destaques na FIFA

ZURIQUE - As jovens promessas do futebol brasileiro viraram destaques no site da FIFA, nesta quarta-feira. A entidade pega o que há de comum na trajetória dos meninos do Fluminense, Vasco e Santos.

Confira a íntegra da matéria:

Apostas para agora

\"Na sequência de um final de 2009 empolgante, a elite dos clubes cariocas foi às compras, reforçou seus elencos e hoje apresenta alguns nomes consagrados nacional ou internacionalmente. Mas, em um futebol que se reinventa a cada instante, sempre em constante proliferação de talentos, não é de se espantar que o frisson de duas dessas torcidas sejam dois jogadores que nem idade têm para tirar a carteira de habilitação.

O atacante Fred ainda é venerado pelos torcedores do Fluminense. O meia Carlos Alberto se mantém como referência no Vasco. Tudo certo. Eles agora só precisam dividir atenção com os meninos Wellington Silva e Philippe Coutinho, que nem 18 anos completaram, mas abocanharam uma parte significativa do coração de plateias exigentes.

O apego se justifica. Atletas pratas-da-casa tendem a ser mais valorizados e recebem carinho especial. Quando calham de ser desses habilidosos, capazes de lances surpreendentes, chega a ser inevitável a empolgação. O detalhe, aqui, é que tricolores e vascaínos compartilham os olhares para os garotos com outros fãs, à distância: os ingleses do Arsenal, no caso de Wellington, e os italianos da Internazionale, no caso de Philippe.

As duas revelações têm viagem marcada para Londres e Milão. Basta que completem a maioridade. Para Philippe, a data vem mais cedo, no dia 12 de junho. Para Wellington, a espera será até o dia 6 de janeiro de 2011. Enquanto o aniversário não chega, Flu e Vasco assistem à evolução de suas mais novas apostas.

Escolhinha de pressão

Nos bastidores do futebol carioca, a questão não era se, mas, sim, quando os jovens chegariam ao papel de protagonistas no time principal. O que talvez surpreenda é a velocidade dessa integração.

Philippe, alguns meses mais velho, despontou primeiro. Fã de Kaká e com pinta de um verdadeiro armador, fez parte da campanha do Vasco campeão da Série B, como em um estágio, e passou a fazer parte valer da equipe na pré-temporada, sobressaindo-se em treinos até virar titular e ter, no dia 24 de janeiro, um clássico contra o Botafogo como sua festa de boas-vindas. Ele marcou duas vezes e se destacou na goleada por 6 a 0.

De lá para cá, o rendimento do time caiu um pouco, mas Coutinho segue com a confiança do treinador Vagner Mancini e do grupo, como destaca o goleiro Fernando Prass. “Em 2009, escutávamos pouco a voz dele. Ele procurava mais escutar do que falar. Agora, está mais livre, sem medo de errar e tentar uma jogada”, disse Prass, que vê semelhanças na personalidade do jovem companheiro com um astro nacional. “O Philippe é um menino tranquilo e introvertido. Mas tem personalidade e sabe sua qualidade. Tive a oportunidade de jogar com o Ronaldinho no Grêmio, em 1997 e 1998, e acho que eles são bastante parecidos.”

O lado positivo de alguns placares não tão expressivos da equipe é acelerar o amadurecimento do meia, que vem aprendendo a lidar com a cobrança das arquibancadas. “Tem sido importante conviver com a pressão de um clube grande. Todo time de ponta passa por isso. Acaba sendo importante para meu crescimento. É meu maior aprendizado.”

Primeiros passos

Wellington, que gosta de jogar mais aberto pelas pontas, teve suas primeiras poucas oportunidades no início da temporada. Mas algumas lesões no elenco e a negociação de Maicon para o Lokomotiv russo abriram espaço, e o atacante não teve pudor nenhum para exibir seu potencial no Campeonato Carioca.

Em sua estreia como titular, com os familiares presentes no Maracanã, ele marcou seu primeiro gol no time principal, deu passe para outro, chorou, e o Fluminense goleou o Friburguense por 5 a 1, dia 28 de fevereiro. “Chorei só de ver minha família ali e com a emoção de entrar em campo pela primeira vez como titular. Na vida, nada foi fácil. É muita emoção”, afirmou.

No clássico contra o Botafogo, já pelo segundo turno, Wellington foi mais uma vez decisivo em um triunfo de virada. “Ele entrou no momento certo, com sua facilidade de jogar pelos lados do campo. Esse menino vai dar muitas alegrias ao futebol”, sentenciou o técnico do Fluminense, Cuca.

Questão de tempo

Tanto Cuca como Vagner Mancini não hesitam em preservar os garotos, lembrando que é dos veteranos a responsabilidade de liderar os mais jovens na formação de uma equipe vitoriosa.

“O torcedor fica chateado quando o tiramos de campo, mas tem que entender que é um menino que vem dos juniores, com outra postura atlética”, afirma o comandante tricolor, em discurso que pode valer para ambos.

Os dois jogadores não se mostram assustados. “Agora sou mais conhecido: saio na rua e as pessoas já comentam. Mas estou tentando levar a vida do mesmo jeito que era antes de subir para a equipe profissional”, disse Wellington. “Tenho meus amigos de infância e faço as mesmas coisas. Venho para o treino, volto para casa. Sou bastante tranquilo”, ecoou Philippe.

Não custa lembrar o caso de Neymar, do Santos, companheiro da dupla na Seleção Brasileira que, inesperadamente, acabou não emplacando na Copa do Mundo da FIFA Sub-17 Nigéria 2009. O atacante foi lançado no ano passado e teve de conviver com seus altos e baixos de um calouro. Foi vice-campeão paulista, mas acabou encostado no Brasileirão. Hoje é vice-artilheiro do estadual e vem sendo decisivo rodada atrás de rodada.

Contudo, há a diferença de que as duas novas joias cariocas podem partir mais cedo. Dirigentes de Flu e Vasco sonham em prorrogar a estadia de Wellington e Philippe, e os torcedores não reclamariam em nada. Por outro lado, não há tempo para nostalgia, não com os campeonatos de 2010 em jogo e os dois à disposição. Por enquanto, a aposta é para agora\".

Informações - site oficial da FIFA