A Prefeitura do Rio, através da Riotur e da Secretaria Especial do Turismo, começou a instalar, no mês passado, uma série de placas e painéis de sinalização com a intenção de melhor informar os pedestres, sobretudo visitantes, dos principais pontos turísticos da cidade.
A iniciativa é pioneira na América Latina e foi inspirada em modelos de grandes destinos internacionais como Londres, Nova York e Vancouver, no Canadá. O custo do projeto, no entanto, não foi dos mais baratos: R$ 13,7 milhões. Há ainda um outro problema. Muitas das placas já instaladas contêm inúmeros erros de informação. Além de erros na direção que deverá ser tomada pelo pedestre, as estimativas de tempo que ele levará até o destino são em vários casos irreais.
“Trabalho no Rio Comprido há dez anos e estranhei quando vi a placa apontando a Praça da Bandeira em direção à Tijuca. E a apenas um minuto daqui. Nem com carro, de madrugada, sem trânsito, se faz o trajeto em um minuto”, brincou o supervisor em segurança Climério Grevett da Silva, na esquina da Avenida Paulo de Frontin com Rua João Paulo I, no Rio Comprido, onde foi instalada uma das placas.
No Campo de São Cristóvão o problema se repete, como em quase todos os bairros percorridos pelo DIA , à exceção da orla de Ipanema e Leblon, onde as informações nas placas estão corretas. A poucos metros do Centro de Tradições Nordestinas, o cidadão que quiser chegar à sede do Vasco através das placas vai acabar chegando ao Maracanã, e não em São Januário, casa do atual campeão carioca.
“Está tudo errado. Lá na Rua Teixeira Junior, que é pertinho do Vasco, também há uma placa apontando para outro lado. Ninguém entendeu nada”, brincou a moradora Ana Luiza Franco.
Se o turista desistir e resolver atravessar o Rebouças para chegar à Lagoa, também pode se perder. No Parque da Catacumba uma placa indica Humaitá e Ipanema para a mesma direção. E estão em lados opostos. Na Avenida Atlântica, em Copacabana, a placa que indica Arpoador e Ipanema está apontada para o
“A gente entende a confusão inicial, pois apenas 71 placas foram instaladas. As da Atlântica e da Lagoa, por exemplo, apontam para a ciclovia. Nela haverá uma segunda placa mostrando o caminho certo. E o que estiver errado a gente vai trocar”, garante o subsecretário de Turismo, Philipe
Novidade coincide com momento de insegurança em toda a cidade
A campanha para incentivar o turismo a pé no Rio de Janeiro foi pouco divulgada pela prefeitura. O fato de a cidade estar vivendo um momento turbulento, com o aumento da sensação de insegurança devido à sequência de casos de assaltos e roubos a pedestres e ciclistas que tiveram grande repercussão, é mera coincidência, garante o subsecretário Philipe Campello.
“Não teve a ver. Reconhecemos que foi pouco divulgado. Mas queríamos ver logo o projeto na rua e não ficar cacarejando por aí. E parte dessa falta de divulgação talvez tenha se devido ao 7 a 1 para a Alemanha, na Copa, pois vários contratos foram assinados logo depois daquela derrota. Estava todo mundo de ressaca e ninguém se deu conta”, brincou o subsecretário.
A confusão das placas virou motivo de piada nas ruas, mas a violência ainda não. Em São Cristóvão, por exemplo, por volta das 16h de ontem, sem a presença de policiamento no local, um grupo de cerca de 15 bandidos tentava roubar pedestres. A equipe do DIA , por exemplo, escapou por pouco da quadrilha.
“Aqui em São Cristóvão, celular na mão é algo impensável. E temos que ficar o tempo todo olhando para os lados e para trás. O perigo é constante”, disse Ana Luiza Franco, que passava pelo local.