Antes mesmo da confirmação por parte da CBF em marcar o jogo Vasco x Corinthians para São Januário, apareceu na internet uma suposta mensagem atribuída a torcidas organizadas cruz-maltinas em tom de ameaça aos corintianos que forem ao estádio no dia 19 - em nota, a "Força Jovem do Vasco" negou a autoria. O texto que circula nas redes sociais avisa que não será data para levar mulheres e crianças à partida e cobra "animais" na arquibancada ao invés de torcedores. A tensão que ronda o duelo da 35ª rodada do Campeonato Brasileiro, envolvendo um candidato ao título e um concorrente na luta contra o rebaixamento, preocupa a diretoria do Timão, que já chegou a acionar o Ministério Público. Principalmente pelo fato de uniformizadas vascaínas serem aliadas da torcida do Palmeiras, arquirrival do clube alvinegro.
O Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), grupo especializado de segurança existente no Rio de Janeiro, faz um trabalho diário de monitoramento das redes sociais para evitar este tipo de confronto entre torcidas rivais. Comandante do grupamento, o major Silvio Luiz disse não ter tomado conhecimento ainda sobre esta ameaça, mas minimizou a possível tentativa de intimidação e lembrou que a "Força Jovem do Vasco" está suspensa por um ano dos jogos depois que se envolveu em uma briga com a "Young Flu", no último mês de março. Mesmo assim, ele revelou que vai reforçar o policiamento e garantiu escolta das organizadas do Corinthians em tempo integral, desde a proteção ao ônibus na estrada até a saída do estádio.
- Em todos os jogos sempre surgem ameaças que no final das contas acabam não se concretizando. A "Jovem" nem pode frequentar os estádios, eles fizeram algumas reuniões há pouco tempo e acabaram com a oposição, estão buscando uma redução da punição. Se acontecer algo desse tipo acaba a redução. A gente vai estar acompanhando, sem dúvida. Geralmente a gente usa entre 100 e 120 policiais num jogo de grande porte. Estamos buscando um aumento efetivo, teremos uns 170, 180 homens só do Gepe. Fora os do Quarto Batalhão da PM, o apoio do Batalhão de Choque... Além de ser um clássico, é um jogo em que todas as atenções estarão voltadas para ele - explicou.
Um fator de preocupação do Corinthians é que no último jogo disputado em outro estado, contra o Atlético-MG no Independência, muitos torcedores viajaram para tentar comprar ingressos em Belo Horizonte e acabaram tendo que assistir ao jogo nos bares, o que deixou tumultuado os arredores do estádio. Silvio Luiz, porém, não acredita que o mesmo cenário acontecerá em São Januário, citando que a venda de entradas para o setor de visitantes, se houver, deverá ser feita apenas em São Paulo - o Timão, porém, não costuma comercializar bilhetes para jogos fora de casa, repassando sua carga para as organizadas.
- A gente já vai deixar bem claro que não vai ter venda na hora do jogo, não adianta colocar 300 ou mais para ter problema. O ideal é a venda em São Paulo, o que complica os cambistas de comprarem também. Isso já inibe bastante quem vem, até porque em São Januário os bares são colados ao estádio. No Maracanã isso até acontece (visitantes frequentando os bares), mas em São Januário não me recordo.
Na visão do Governo Federal, o Rio de Janeiro tem o plano de segurança para jogos considerado o "mais exitoso" do Brasil. Representantes dos Ministérios da Justiça e do Esporte já manifestaram o desejo de replicar o modelo aos demais estados do país com regulamentação de artigos já existentes no Estatuto do Torcedor. O duelo do dia 19 será um jogo com risco de conflito e também uma oportunidade de provar a eficiência do sistema de policiamento para todo o país, que estará de olho na principal partida da rodada.