\"Pelo amor de Deus. Jamais faria mal a um professor. Estudei no Pedro II\", desabafou o soldado da PM Haller Monken, 26 anos, do 13º BPM (Praça Tiradentes). Na última terça-feira, durante um protesto de professores em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o militar foi cercado pelos manifestantes, como mostrou uma fotografia publicada na edição de quarta-feira do jornal O Dia, e acabou sacando a sua arma. \"Foi o último recurso. A minha atitude foi para evitar uma tragédia\", garantiu.
Segundo Haller, a confusão começou quando um dos manifestantes agrediu um guarda municipal e foi se esconder no meio da multidão. \"Na tentativa de pegá-lo, acabei cercado. Rasgaram a minha farda, arrebentaram a guia, uma espécie de cordão que prende a arma à farda. Mas quando senti mãos na pistola, decidi sacá-la, sem colocar o dedo no gatilho\", contou Haller. Na confusão, o policial perdeu as algemas, celular e radiotransmissor.
Ontem, Haller se encontrou com Rodrigo Coutinho, 27 anos, um dos professores que ficou sob a mira de sua arma. No encontro, o PM pediu desculpas. \"Servidor apontando arma para servidor não é um assunto para ser encerrado. Como cidadão, aceito o pedido de desculpas, mas como professor, não posso deixar de lutar pelos meus ideais\", disse Rodrigo.
Há quatro anos na PM, Haller ponderou que, às vezes, a sociedade não entende algumas atitudes do policial. \"Há um mês, era tratado como herói. Na ocasião, prendi um assaltante aqui no centro que estava com uma granada. Ele tinha ainda a réplica de submetralhadora. Fiz a prisão e fui aplaudido. Mas hoje...\", lamentou.
O PM acrescentou: \"a arma é instrumento de trabalho. Usei sem querer ferir ninguém\". Ano passado, quando servia no Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), Haller salvou a vida Luiz Fernando Vilaça, que tentou o suicídio, subindo na marquise do estádio São Januário no jogo que rebaixou o Vasco para a segunda divisão.