O Conselho Deliberativo do Vasco se reúne nesta sexta-feira, extraordinariamente, para discutir um dos assuntos que mais tem agitado o dia a dia do clube no ano que antecede a próxima eleição presidencial: a aprovação ou não de novos sócios. O encontro foi pedido pelo presidente Alexandre Campello e por conselheiros.
A recusa ou demora na aceitação de novos sócios virou polêmica no Vasco. Isso porque de 1º de julho, quando a diminuição do valor da joia para R$ 750 foi aprovada, até o fim de agosto, quando se encerrou o prazo para que novos sócios votem já em 2020, o clube viu o aumento de fichas solicitando a entrada no quadro social, e nem todas foram aceitas.
Todas elas - ou a maioria - passaram ou vão passar pelas mãos de Campello, que aprova ou não os pedidos, sem ter, segundo o artigo 14 do Estatuto Social do Cruz-Maltino, que explicar o motivo de sua decisão.
O que tem sido motivo de polêmica nos bastidores do Vasco é um "detalhe" na ficha de associação: o proponente. Todo torcedor que deseja virar sócio do Cruz-Maltino precisa que um outro sócio assine seu pedido de entrada no quadro, como se fosse um "fiador" de um contrato de aluguel.
Por isso, o Conselho Deliberativo do Vasco recebeu três solicitações de reunião, que originaram a pauta do encontro desta sexta-feira:
O de 66 conselheiros, que assinaram uma lista pedindo para o presidente Alexandre Campello explicar os motivos do deferimento de algumas propostas de associação ao quadro social;
O do presidente Alexandre Campello sobre ocorrências havidas "no anômalo número do pedido de associação e aceitação ou não das propostas de novas adesões à categoria de sócio geral apresentadas no período de 1 de julho a 31 de agosto de 2019";
E o da presidência da Assembleia Geral, que pede a criação de uma comissão para analisar e emitir parecer sobre a admissão de todos os sócios a partir de 22 de janeiro de 2018, quando a atual gestão assumiu o Vasco.
Como os três pedidos, basicamente, envolvem o mesmo tema, a admissão ou não de novos sócios do clube, o Conselho Deliberativo decidiu reuní-los em uma só reunião. A expectativa é de que seja criada uma comissão para analisar os casos.
Em entrevista ao GloboEsporte.com, o presidente Alexandre Campello alegou que um dos critérios para não aprovar novos associados é o número de fichas assinadas pelo mesmo proponente.
- Eu comecei a pensar como avaliar esse ingresso de sócios. Aí, entre outras coisas, como assinatura que não confere, ficha incompleta, ficha com mais de um preenchimento diferente, a gente colocou como linha de corte que aquele proponente que tivesse mais de cinco propostas apresentadas não teria nenhuma aceita - explicou o presidente.
Alexandre Campello, presidente do Vasco — Foto: Rafael Ribeiro / Vasco
De acordo com levantamento feito pela diretoria, 0,07% da base de sócios ativos foi responsável por 65% das adesões no período de 1º de julho até 31 de agosto. Porém, o clube não divulgou o número de pedidos de associações nesse período nem a quantidade de propostas recusadas por Campello. A partir de setembro, houve menos de 30 adesões ao quadro social.
Há relatos também de proponentes que assinaram mais de cinco fichas, e que elas foram aceitas. Campello nega.
Em contrapartida, a oposição do Vasco tem reclamações claras. As chapas que participam da corrida eleitoral de 2020 alegam falta de transparência na recusa de novos sócios e reclamam pela demora para uma decisão. Nas redes sociais, associados admitem terem feito plantão em São Januário em busca de novos sócios, o que, segundo eles, não configura algo ilegal.
Para Campello, porém, a prática pode ser vista como "mensalão". O presidente cita o fato de a última eleição do Vasco ter terminado na Justiça. A briga foi até a 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que decidiu, por unanimidade, manter o resultado da eleição do Cruz-Maltino de 2017, vencida pelo atual presidente.
- Obviamente, sabemos a serviço de quem cada um está. Mas não vamos declarar. Estranhamente, muitos daqueles que lá atrás eram contra o mensalão, brigaram contra o mensalão, foram à Justiça, hoje estão minimamente contra quem está tentando evitar o mensalão - alegou Campello.