Norival Cabral Ponce Leon Filho, cujo apelido é Poncinho. Conhecido por ser filho do ex-jogador Ponce de Leon, que fez sucesso no futebol paulista. Mais conhecido ainda por ser filho de Dulce Rosalina, torcedora símbolo do Vasco. Falecida em 2004, Dulce deixou o legado da torcida organizada RenoVascão para Poncinho, atual presidente.
A torcida foi fundada em 26 de Março de 1977 pela própria Dulce Rosalina. Poncinho sempre acompanhou os jogos do Vasco nas arquibancadas e relembra a época em que sua mãe recebeu o prêmio de torcedora nº 1 do Brasil, em 1960:
\"Minha mãe, Dulce Rosalina, venceu uma eleição feita pela Revista do Esporte em 1960, ficando na frente do flamenguista Jayme de Carvalho e Eliza do Corinthians. Ela tinha muito prestígio no Vasco e no Brasil. Hoje em dia virou nome de rua aqui perto de São Januário\", explicou Poncinho.
Aos 56 anos, Poncinho volta meio século atrás para falar de trechos de uma época de ouro do Vasco.
\"Quando o Vasco ganhou o Estadual antecipado de 1956, minha mãe me levou no vestiário para comemorar com o time. Na época ela era da TOV (Torcida Organizada do Vasco) e os jogadores tinham um relacionamento muito íntimo conosco. Quando havia aniversário da minha irmã ou de alguém de nossa família, minha mãe chamava os craques para irem lá em casa. Novinho com seis ou sete anos, eu via Vavá, Almir Pernambuquinho, Sabará, Bellini, Roberto Pinto e companhia lá em casa\", lembrou Poncinho.
Baseado nessa cumplicidade entre jogador e torcida, Poncinho conta um caso ocorrido no início da década de 1960:
\"Fomos barrados na entrada do estádio por estar levando papel picado. Eu e minha mãe fomos presos por xingar o policial de flamenguista. Na mesma hora o pessoal do Vasco teve conhecimento da história, e disse que só entraria em campo se fôssemos soltos lá na arquibancada. Não deu outra... pouco tempo depois já estávamos assistindo o jogo\", vibra Poncinho.
O torcedor também lembrou que nos anos 50 não se levava criança para o estádio à noite:
\"Na decisão do Super-Super de 1958 contra o Flamengo, minha mãe me levou escondido para a arquibancada do Maracanã. Aquilo estava muito cheio!\", afirma.
Poncinho recordou o acidente com o ônibus da TOV em 1968, quando Dulce Rosalina ficou gravemente ferida.
\"O Vasco ia jogar contra o Corinthians no Pacaembu, e minha mãe organizou uma caravana de 30 ônibus para ver o time. Chegando perto do estado de São Paulo, o ônibus dela foi fechado por uma carreta e caiu no rio. Se este rio não estivesse cheio a tragédia seria pior! Minha sorte é que no meio da viagem troquei de ônibus, mas minha mãe quebrou o braço, a clavícula e afundou a cabeça. Graças a Deus ninguém morreu no acidente, e na volta ao Rio o Vasco cobriu todas as despesas médicas dos torcedores envolvidos. Ela foi atendida no Miguel Couto pelo Dr. Lídio Toledo, atual médico do Vasco, que estava começando a carreira na época\", fala o torcedor bom de memória.
Apesar da tragédia, Poncinho contou o que Dulce Rosalina fez depois de se recuperar do acidente:
\"Quando se recuperou, a primeira coisa que ela fez foi querer ir para o Maracanã! É mole?\", brinca.
Poncinho também revelou que já dividiu a arquibancada com um vascaíno famoso:
\"Cheguei a ver o Dr. Eurico Miranda na época que ele freqüentava a arquibancada. Ele acompanhava os jogos no meio da massa, como qualquer torcedor vascaíno anônimo. Começou assim e depois passou a trabalhar com o Basquete do Vasco, conheceu diversas áreas do clube até chegar à Presidência\", conta Poncinho.
O torcedor também fala de Roberto Dinamite:
\"Vale lembrar que foi o Eurico quem trouxe o Roberto Dinamite da Espanha, quando o nosso craque já havia sido até anunciado como reforço do Flamengo nas rádios. Eu estava naquele jogo da volta contra o Corinthians, que o Dinamite marcou cinco gols. Após a morte da Jurema
(ex-esposa de Roberto Dinamite), minha mãe prestou uma homenagem a ele \", finalizou.