Na sua quinta edição, o Campeonato Brasileiro por pontos corridos começa a cair no gosto do torcedor. A prova disso é o aumento de público nos estádios. Na última vez que teve a fórmula do mata-mata, com finais, em 2002, a competição contou com média de 12.886 torcedores por jogo, mas na temporada atual, até a 32ª rodada, o número aumentou para 16.250 espectadores por partida. No entanto, tal sistema de disputa está longe de ser unanimidade. Para 59% dos internautas do GLOBO ONLINE, por exemplo, o formato que conta com decisões ainda é o preferido.
Quem também prefere a fórmula que foi usada até 2002 é o colunista de O GLOBO, Renato Maurício Prado. O jornalista acredita que o torcedor brasileiro está se acostumando com o sistema de pontos corridos porque não tem outra saída.
- Não acho que a fórmula de pontos corridos tenha caído no gosto do torcedor brasileiro. Acho que ele se acostumou a ela até porque não tem jeito. Passando a entender um pouco melhor a competição, passou também a começar a se interessar por vagas na Libertadores, fuga do rebaixamento etc. Pessoalmente, entretanto, continuo a preferir o sistema de mata-mata. Não consigo gostar de um campeonato que não tem final e no qual, normalmente, o campeão sai com várias rodadas de antecedência - disse.
o Paulo de Rogério Ceni perto do segundo título na era dos pontos corridos / Foto: Eliaria Andrade
Um dos pontos defendidos para quem gosta do sistema de pontos corridos é que há várias finais. É o caso do presidente do Clube dos 13, Fábio Koff.
Torcida carioca voltou para os estádios
- Hoje o Campeonato Brasileiro conta com a disputa por 12 vagas em competições internacionais, além da questão do rebaixamento. O interesse se mantém até o final - acredita Koff.
No entanto, há aqueles que ficam em cima do muro, como o atual diretor financeiro do Clube dos 13 e ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho.
- O Atlético-PR entende que tem de ser por pontos corridos. O Vasco acha que tem de ser mata-mata. Pessoalmente, na votação original, eu optei por pontos corridos, que é uma fórmula que proporciona uma estabilidade maior para a gestão. Mas ao mesmo tempo, o mata-mata traz um interesse maior para o público. Hoje, eu tenho dúvidas sobre qual é a melhor fórmula, principalmente porque o Internacional participou de duas decisões, Libertadores e Mundial, e a gente gostou de viver aquele ambiente - afirmou ele em entrevista ao site \"ClicRbs\".
Dentro de campo, Flu, Fla, Vasco e Botafogo continuam devendo
Polêmicas a parte, o Brasileirão 2007 ficará marcado por resgatar o torcedor aos estádios. Um exemplo é o Flamengo, que mesmo brigando por posições intermediárias parece ter acordado a sua torcida. Em 2002, último ano do mata-mata, ficou em apenas sexto lugar no ranking de público com média de 16.654 torcedores por jogo. Na competição atual, pasmen, o número dobrou chegando aos 32.456.
O aumento de público de Vasco e Botafogo também é considerável. O time de São Januário contou com média de apenas 5.234 torcedores em 2002, mas na atual temporada, mesmo com uma campanha muito distante das suas tradições, tem até agora 14.933 fãs por jogo. Já a equipe de General Severiano teve crescimento de 4.442 em 2002 para 19.196 fãs por partida até agora na atual temporada. Só o Fluminense que manteve uma regularidade até porque em 2002 foi o único time carioca nas finais. Naquele ano, a média de tricolores foi de 15.326 torcedores e na atual temporada é de 18.246.
Infelizmente para as quatro torcidas, dentro de campo o futebol carioca ainda anda devendo. A melhor colocação de um clube do Rio de Janeiro na era dos pontos corridos foi o quinto lugar do Fluminense em 2005, mas mesmo assim a equipe tricolor ficou fora da zona de classificação para a Libertadores. Já o futebol paulista comemora. Das quatro edições, teve três campeões (Santos-2004, Corinthians-2005 e São Paulo-2006) e deverá ter o mesmo São Paulo conquistando o título nesta temporada.
Para Renato Maurício Prado, o futebol carioca precisa melhorar seus elencos para que consiga chegar ao inédito título com o atual formato.
- Em relação ao futebol do Rio e os pontos corridos, creio que falta que os nossos clubes passem a formar elencos de verdade e não apenas bons times. Campeonatos de pontos corridos são vencidos pelos times mais regulares e não, necessariamente, os melhores. Um bom exemplo é o caso atual do Flamengo que, durante a competição, enfim, contratou alguns jogadores que fizeram a diferença, casos de Fábio Luciano, Íbson, Cristian e Maxi e só então passou a ter um elenco razoável. Se o tivesse desde o início do torneio, poderia até disputar o título - lembrou.
Botafogo: um bom time, mas faltou elenco / Foto: Jorge William
O exemplo do Botafogo é justamente o oposto. O time chegou a liderar o Brasileirão por quase a metade do campeonato, mas passou a cair de rendimento de forma assustadora. O técnico Cuca culpa justamente a fragilidade do elenco, que tem uma boa equipe mas não possui reservas do mesmo nível
- Faltou peça de reposição. Com os problemas de lesões e suspensões, começamos a ter problemas. É fundamental ter um elenco mais equilibrado - disse o treinador.
Seja pontos corridos ou mata-mata, os amantes do futebol querem ver a bola rolando. E a 33ª rodada que será disputada neste final de semana promete mais emoções. Dos 20 times, 18 não sonham mais com o título, mas a briga por vagas na Libertadores e a luta contra o rebaixamento continuam quente. É esperar para ver.
Média de público por time até agora no Brasileirão
32.456 - Flamengo/RJ
26.006 - São Paulo/SP
25.054 - Sport/PE
22.877 - Cruzeiro/MG
20.361 - Atlético/MG
20.300 - Grêmio/RS
19.196 - Botafogo/RJ
18.246 - Fluminense/RJ
18.209 - Corinthians/SP
17.791 - Internacional/RS
16.821 - Palmeiras/SP
14.933 - Vasco/RJ
12.381 - Náutico/PE
11.158 - Atlético/PR
11.065 - Goiás/GO
8.617 - Figueirense/SC
8.273 - Paraná/PR
8.182 - América/RN
7.846 - Santos/SP
6.023 - Juventude/RS