O prefeito do Rio, Eduardo Paes, reafirmou na manhã desta quarta-feira (27), em entrevista ao Bom Dia Rio, que a cobertura do Estádio João Havelange, o Engenhão, corre o risco de desabar. A avaliação foi feita por uma empresa alemã contratada pelo consórcio do estádio, interditado na tarde de terça-feira (26). A Prefeitura recebe oficialmente o laudo com as informações detalhadas nesta quarta.
No entanto, Paes afirmou que, de acordo com informações que recebeu a respeito do laudo técnico, não há necessidade de demolição do estádio. Não há esse risco, é um problema na cobertura, afirmou ao Bom Dia Rio.
Paes também admitiu que a situação não surgiu de uma hora para outra. No final da semana passada me pediram uma reunião com o consórcio que vem avaliando, monitorando, esta situação desde a inauguração do estádio. Este problema de cálculo não foi algo que surgiu ontem. Este é o terceiro laudo apresentado, o primeiro que diz efetivamente que existe um risco. Nossa prioridade aqui é proteger a vida das pessoas, portanto a nossa ação de interditar. Hoje [quarta], eles [consórcio] entregam oficialmente [o laudo]. Mas o encaminhamento de que haveria risco foi entregue ontem [terça], disse o prefeito.
De acordo com o Bom Dia Rio, em 2010, o time do Botafogo, que treina no estádio, havia apresentado um laudo apresentando problemas estruturais no Engenhão.
O prefeito disse que o laudo apresentado nesta quarta é o terceiro e que até então não havia indicação de riscos. Se houvesse risco em 2010, eu teria fechado [o Engenhão] na época. O prefeito disse que uma auditoria tem que ser feita para identificar se o problema foi erro de cálculo de projeto. Se for de fato, erro de projeto, essa compensação tem que acontecer.
Há uma garantia da empresa que faz. Tudo aquilo que for erro de execução, a prefeitura tem como cobrar. O problema é que esta obra, à época, foi cheia de problemas e polêmicas. A empreiteira que estava fazendo [o projeto] saiu e as empresas do consórcio que terminaram a obra entraram depois. E, à, época, no contrato, assinado por outra administração [da prefeitura] , foi dito que a responsabilidade pelo projeto passava a ser da Prefeitura, completou.
Eduardo Paes disse ainda que se for descoberto que o erro foi de execução - responsabilidade do consórcio - a administradora do estádio irá pagar as contas de reparo. Caso seja de projeto, a prefeitura irá arcar com os custos de correção.
Vistoria
Nesta quarta-feira (27), será feita uma vistoria com o um representante da Empresa Municipal de Urbanização (RioUrbe) e um engenheiro.
Paes explicou que o documento entregue pela empresa alemã indica que um conjunto de fatores, como vento e temperatura, podem levar a estrutura da cobertura a condições de risco. Os técnicos não informaram se o problema é no projeto ou na execução. Segundo as análises preliminares, no entanto, seria um erro de projeto. Além do laudo da companhia alemã, outros dois laudos foram entregues à prefeitura. Um deles também apontava problemas na estrutura que suporta a cobertura.
Inaugurado em junho de 2007, o Engenhão demorou três anos para ser construído e custou cerca de R$ 380 milhões. Em agosto do mesmo ano, o Botafogo ganhou a concessão do estádio. O contrato previa a administração por 20 anos pelo consórcio formado pelo clube e mais duas empresas europeias.