Se pudesse voltar no tempo, Rafael Tenório começaria o Campeonato Brasileiro de 2019 do CSA de maneira completamente diferente.
"Cometemos erros na comissão técnica e na montagem do elenco", afirmou o dirigente, em entrevista ao ESPN.com.br. "Contratamos muitos jogadores velhos, e faltou termos um técnico que conhecesse melhor a Série A", completa.
Ao mesmo tempo, porém, apesar de ter sido rebaixado, Tenório entende que o CSA vive hoje uma situação melhor que a de clubes cativos na Série A.
"Caímos, mas nossa situação é melhor que de Corinthians, Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo, por exemplo", afirma. "Que a do Cruzeiro também", acrescenta. E explica:
Na Série B, todos os clubes recebem os mesmos R$ 6 milhões pelos direitos de TV - uma queda de R$ 32 milhões em comparação ao que o CSA recebeu pela participação na Série A em 2019.
"Só que nossa dívida é zero. Não temos passivo trabalhista, verbas antecipadas e as finanças estão estruturadas", afirma. "Além disso, sabemos fazer muto com pouco recurso, estamos habituados. O Cruzeiro, por exemplo, não sabe", diz.
"Somos um clube enxuto. Um investidor que chegar ao CSA vai encontrar um clube pronto para receber investimento. Tem clubes desses tradicionais devendo R$ 1 bilhão", afirma.
(Nota da redação: o passivo do Botafogo é estimado atualmente em R$ 1 bilhão).
A volta à Série A é não apenas prevista, mas também vista como algo natural. E, a despeito do rebaixamento, agora com o aprendizado, tenório prevê um 2021, em caso de volta, mais tranquilo que o 2019.
"(A Série A) não é um bicho de sete cabeças", afirma.
CHINESES OU AMERICANOS
E esse investidor existe. Desde o começo deste ano, o clube alagoano conversa com dois grupos de investidores - um norte-americano e outro chinês. O CSA trabalha com a perspectiva de receber um aporte de até R$ 160 milhões (US$ 40 mi).
Para tanto, o clube já tem pronta e aprovada pelo conselho deliberativo, a minuta do contrato que transforma a agremiação em uma S/A. Tenório entende que até o fim de janeiro, tudo estará certo para o clube operar no novo formato.
Outro estudo já pronto é o que estima o valor da marca do CSA, o que também torna mais claro o investimento para os interessados.
"Além disso, temos torcida de verdade. A reação da nossa torcida aplaudindo o time na última rodada foi sensacional", diz.
De acordo com levantamento do Globoesporte, o CSA teve média de público de 10.706 torcedores por jogo - superior à do Santos, por exemplo, de 10.306.
"A verdade é que tirando Flamengo e mais uma meia-dúzia, como os paulistas, Grêmio e Athletico, não devemos nada a nenhum clube", diz.
"Basta ver como Goiás, Fortaleza e Bahia se saíram bem", diz.
DECEPÇÃO
Argel Fucks, ex-treinador do CSA e agora comandante do Ceará Pei Fon/Raw Image/Gazeta Press
A maior decepção de Tenório na temporada foi com o técnico Argel, que trocou o CSA pelo Ceará faltando três rodadas para o fim do Brasileiro.
"Deixou a aeronave em pleno voo", diz.
Mas não foi a única.
"Armero, Manga Escobar, Madson Robinho (do Fluminense), Maranhão, Benitez...foram muitos jogadores que decepcionaram", revela.
"A gente entrou na Série A com algumas lacunas. importantes. Não tínhamos um analista de desempenho, por exemplo, um executivo de futebol", diz.
Para evitar erros na formação do elenco para 2020, Tenório contratou o técnico Mauricio Barbieri (ex-Flamengo) e o analista de desempenho Douglas Sartor, ex-Criciúma.
"Imagina, a gente disputou a Série A sem um analista de desempenho..."
Quanto ao executivo, o dirigente pediu indicação de um nome a Rodrigo Caetano, do Internacional, e pretende resolver a questão ainda em 2019.
"Estive com ele e pedi uma sugestão. Ele vai nos ajudar", afirmou.