País da Copa do Mundo, o Campeonato Brasileiro fecha o ano como o campeão de índice de violência e impunidade. As cenas lamentáveis da Arena Joinville, que mancham a edição de 2013, poderiam ser evitadas se o Estatuto do Torcedor estivesse sendo aplicado.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Flávio Zveiter, se diz defensor da punição com os portões fechados. Se aplicada, a partida entre Atlético-PR e Vasco não teria a barbárie. O Furacão jogara em Joinville — a 100 km de distância de Curitiba — por ter sido punido pelo tribunal por causa de violência no clássico contra o Coritiba.
— Esse é campeonato com o maior índice de violência por parte de torcidas organizadas. Eu fui voto vencido no julgamento do Vasco x Corinthians. Sou a favor dos portões fechados — disse. — Esse jogo do Atlético-PR não era para acontecer com torcida, por exemplo. Já vinha de punição. E é inconcebível um jogo sem segurança.
A impunidade anda ao lado do futebol. De acordo com o Estatuto do Torcedor, a torcida organizada que se envolver em violência pode ficar até três anos sem frequentar estádios. Mais do que isso, prevê a apresentação do torcedor identificado numa delegacia de polícia duas horas antes das partidas, enquanto vigorar a punição. A torcida do Atlético-PR já havia sido punida por ter atingido um jogador do Vitória com uma pedrada. E nada aconteceu.
— Temos que pegar as boas práticas. Os casos de violência aconteceram fora do Rio de Janeiro. Aqui, a polícia tem um destacamento só para isso. Que se comunica, que conhece — disse o presidente do STJD.
Mesmo que tardiamente — por causa da violência em Joinville —, a Confederação Brasileira de Futebol pôs em seu regulamento para o ano que vem a realização de jogos com os portões fechados.
— O Estatuto do Torcedor não está sendo aplicado. Estive no final do mês passado com o Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, para que o Estatuto seja aplicado. Por sugestão do tribunal, a CBF já colocou no regulamento de 2014 isso, de jogar com portões fechados — afirmou Flávio Zveiter.
Enquanto isso, o Brasil tem mais uma página negra na história do futebol.