Em disputa com a A-CAP na Justiça, com retomada da arbitragem na Fundação Getúlio Vargas (FGV) nos últimos dias, o Vasco se organiza para revender sua SAF. Investidores têm se aproximado da diretoria nos últimos meses, mas nenhuma proposta foi oficializada até o momento. O assunto da vez é o interesse do grupo do magnata grego Evangelos Marinakis.
A informação de que o magnata grego estaria interessado no Vasco foi publicada pelo jornalista Jorge Nicola. O ge apurou que não há negociação avançada entre as partes, mas há um interesse grande de Marinakis em adquirir um clube no Brasil. Neste cenário, a SAF vascaína está na mira.
Evangelos Marinakis, dono de Nottingham Forest (Inglaterra), Olympiacos (Grécia) e Rio Ave (Portugal), quer expandir suas atividades no futebol. Para isso, ele contratou neste mês o executivo brasileiro Edu Gaspar, que fazia trabalho bem avaliado no Arsenal, mas acabou seduzido pela proposta de Marinakis.
Edu ocupava o cargo de diretor esportivo do Arsenal desde 2019 e recebeu uma oferta para ser o CEO internacional do grupo de futebol do empresário grego. No período como dirigente em Londres, o Arsenal aumentou as participações na Liga dos Campeões e foi vice-campeão da Premier League em duas temporadas seguidas - 2022/23 e 2023/24. Edu Gaspar chegou a ser escolhido pelo jornal italiano "Tuttosport" o melhor diretor do futebol europeu.
Quem é Marinakis
O empresário de 57 anos fez a maior parte da sua fortuna no setor marítimo. A família de Marinakis é dona da Capital Maritime Group, empresa que conta com uma frota de dezenas de navios e cujo patrimônio é apreciado em R$ 22 bilhões.
O primeiro investimento no futebol aconteceu em 2010 com a compra do Olympiacos, um dos dois maiores times da Grécia. Com ele, o clube conquistou o título da Liga Grega por sete temporadas consecutivas, além de levantar quatro vezes a taça da Copa Nacional.
Em maio de 2017, Marinakis virou sócio-majoritário do Nottingham Forest, da Inglaterra - depois de 23 temporadas fora da primeira divisão inglesa, o clube voltou à Premier League em 2022. O último movimento do empresário no futebol foi a aquisição do Rio Ave, de Portugal, em 2023.
Evangelos Marinakis costuma ser uma figura presente nos seus clubes e divide opiniões entre os torcedores. Polêmico, ele foi investigado por suposta participação em um esquema de manipulação de resultados de apostas esportivas e por tentativa de corrupção de árbitros no futebol grego, mas terminou absolvido em ambos os casos.
Neste ano, o bilionário foi suspenso por cinco jogos após tentar cuspir em um árbitro durante o jogo do Nottingham Forest contra o Fulham, pela Premier League.
Venda da SAF do Vasco
Uma possível negociação do grupo de Marinakis para a compra da SAF do Vasco enfrentará alguns empecilhos por causa da disputa judicial com a 777 Partners, antiga controladora do futebol vascaíno.
Neste momento, o Vasco move um processo contra a A-CAP, seguradora que assumiu o controle da 777. A arbitragem na Fundação Getúlio Vargas (FGV) voltou a correr no último dia de outubro.
A A-CAP tem encontrado dificuldades para vender os clubes de futebol da 777. O maior empecilho é o processo movido pelo fundo inglês Leadenhall, que recentemente entrou na Justiça dos EUA com uma liminar contra a dissipação de ativos da empresa de Josh Wander e Steven Pasko. A depender da decisão judicial, a seguradora pode ser impedida de negociar os times sem aval da Leadenhall.
No mês passado, o banco BTG Pactual acenou com oferta à A-CAP pelas ações adquiridas pela 777, correspondentes a 31% do total da SAF. O valor da sondagem foi de US$ 30 milhões (R$ 170 milhões). O Vasco, no entanto, não foi informado da possibilidade da operação com o BTG, muito menos dos termos. O banco já havia desenhado moldes da negociação, com aporte inicial de US$ 15 milhões (R$ 85 milhões) e a outra metade sendo quitada após auditoria.
Os dirigentes do Vasco se incomodaram por entenderem que é preciso haver alinhamento com o novo comprador para não se repetir, por exemplo, o modelo da 777, no qual havia distanciamento físico e, principalmente, do projeto para o futebol. Assim, a revenda da SAF passaria pela solução do imbróglio jurídico com a A-CAP, que está disposta a fazer negócio, mas também pela avaliação dos dirigentes vascaínos sobre o perfil do novo investidor.