Waguinho acumula funções de jornalista, humorista, redator e produtor. Mas é reconhecido principalmente por defender o Vasco de segunda à sexta no programa “Pop Bola”, da rádio Bradesco Esporte FM. Na série “O meu coração cruzmaltino”, ele mostrou o bom humor de costume, mas não fugiu de assuntos mais polêmicos.
Orgulhoso, ele falou sobre o carinho que recebe da torcida vascaína, relembrou títulos inesquecíveis, mostrou a influência do avô português dentro da sua família e também comentou a atual situação do clube, analisando as gestões de Roberto Dinamite e Eurico Miranda.
O DIA: Como é o carinho dos vascaínos com você, já que defende o clube diariamente?
Waguinho: “É muito bacana, o pessoal me reconhece quando vou a São Januário e Maracanã. É muito legal. As pessoas me cobram: ‘Discuta e sacaneie eles’. É uma cobrança saudável e me dá maior orgulho. Os torcedores pensam: ‘É o cara que defende o Vasco, que briga pelo clube’. Às vezes estou no jogo e quando a partida acaba eu escuto: ‘Amanhã quero você defendendo o Vasco e sacaneando o flamenguista’. Certa vez, estava em um Vasco e Fluminense, e o Vasco ganhou, como de costume (risos), e eu ouvi os caras na minha frente falando: ‘Amanhã o Toni Platão está ferrado, o Waguinho vai sacanear muito ele’. Então, esse reconhecimento me faz muito feliz.”
Como começou a paixão pelo Vasco, foi com seu pai ?
“Começou de família. Meu avô é português, e todos os parentes são vascaínos. Quando nasci já ganhei camisa do Vasco. Meu pai me levava ao Maracanã e São Januário. E eu passo isso para o meu filho, de 7 anos, que também é torcedor fanático. Eu digo com toda certeza: ‘Se o cara não for vascaíno na minha família é expulso’. Não pode ser descendente de português e torcer para outro time.”
Qual foi a primeira vez que você foi ao estádio ver o Vasco jogar?
“A lembrança mais marcante que eu tenho quando era pequeno foi o primeiro título que eu vi em um estádio. E foi logo em cima do Flamengo, no Carioca de 82: 1 a 0, gol do Marquinho. Eu fui com dois amigos meus e não esqueço jamais. Até pelo Vasco ter um time inferior e conseguir ganhar. Foi lindo.”
O que você já fez de inusitado pelo Vasco?
“Sempre vejo os jogos todo vestido de Vasco. Fora isso, tenho superstições. Na Libertadores de 1998, por exemplo, o Vasco começou mal na primeira fase e tinha de ganhar quase todos os jogos em casa. Aí eu lembro que eu fui a uma dessas partidas com a camiseta do time de basquete, e nós ganhamos o jogo. Como deu certo, eu fui com a mesma roupa até a final da Libertadores. Eu lembro até hoje, era um tênis branco, uma bermuda jeans, uma camisa branca e camiseta do time de basquete do Vasco por cima. O problema foi antes da final. Minha mãe lavou a roupa e eu fiquei desesperado.Tirei tudo da corda quando ainda estava molhado, passei o ferro para esquentar aquilo e fui com a roupa do jeito que estava, um pouco molhada. Eu pensei: ‘Se eu trocar de roupa e o Vasco perder eu não vou me perdoar de jeito nenhum.’”
Qual foi o momento mais feliz e inesquecível que o Vasco lhe proporcionou?
“O título da Mercosul é o que mais me marca. É uma coisa que ninguém nunca mais vai conseguir na vida. Só o Vasco fez. Só o vascaíno vai saber o que é esse sentimento de virar uma partida dessa maneira. O Liverpool quase chegou lá, contra o Milan, na final da Liga dos Campeões, mas não conseguiu. Na minha opinião, é o maior titulo da história do futebol mundial. E foi bom, porque nós vínhamos de alguns vices. Por conta disso, quando o jogo estava 3 a 0 para o Palmeiras, meu telefone não parava de tocar com o pessoal me zoando. Para piorar, em frente do meu condomínio tinha um bar, e a galera estava sacaneando muito. Parei de ver o jogo na sala. Fui para o quarto deitar. Aí o Vasco fez 3 a 1, depois 3 a 2, até empatar em 3 a 3. Nessa hora, fui para janela e comecei a falar todos os palavrões possíveis. Quando o Vasco virou, fui com tanta vontade gritar na janela que quase caí do sexto andar. Quando acabou o jogo, eu desci todo vestido de Vasco, botei até meião e touca. Peguei o carro, botei o hino do Vasco nas alturas e fiquei rodando dentro do condomínio até umas quatro horas da manhã. O segurança veio falar comigo, querendo me multar, mas eu nem liguei. Tinha até gente atirando ovo, mas continuei ali, dando a volta olímpica pelo título.”
Qual sua maior tristeza com o Vasco ?
“A maior tristeza foi o Mundial de 2000, fui a todos os jogos, era difícil para arrumar ingresso. O time era muito bom e perdeu aquela partida incrível para o Corinthians. Foi difícil porque estava no estádio. Presenciar ao vivo é muito pior, ainda mais com o Maracanã lotado.”
O que acha da atual situação do clube?
“Está muito ruim. O Vasco talvez seja o clube que a situação política tenha mais influência. É uma desunião muito grande. Todo mundo quer “mamar na teta” do Vasco. Todo jogo em São Januário é insuportável. O grupo do ex-presidente torce contra a equipe. Esse problema tem influência direta no clube, porque não consegue possuir um ambiente de paz. Espero que na eleição do ano que vem uma pessoa consiga unir todas as forças políticas do clube. Agora, a administração do Eurico Miranda foi terrível para o clube, como presidente ele foi horrível. E o Roberto, que eu apoiei muito, acreditei bastante, também não fez uma boa gestão. Foi uma administração fraca. Tudo bem que ele foi abandonado e sacaneado, mas acho que ele poderia fazer muito mais, até pelo apoio da torcida quando se elegeu.”
Qual jogador que você mais gostou de ver atuar com a camisa do Vasco ?
“É o Roberto Dinamite. E acho que a torcida deveria ter mais consideração por tudo que ele fez pelo Vasco. Na época do Zico, ele estava brigando de igual para igual com o Flamengo. Fez uma legião de pessoas virar Vasco. Acho injustas as críticas para ele. Acho que deveriam respeitar muito mais, o fato de não realizar um grande trabalho não apaga o que ele fez dentro de campo. A torcida deve saber separar isso e respeitar o que ele fez pela camisa do Vasco.”