Futebol

Rafael Vaz comenta fase "zagueiro-artilheiro" e relação com a torcida

O herói da classificação do Vasco para a terceira fase da Copa do Brasil passou boa parte do dia seguinte ao feito numa função diferente. Com a esposa no trabalho, Rafael Vaz largou o posto de zagueiro-artilheiro para assumir o de paizão-babá. Com a filha Rafaela no colo, o jogador recebeu a reportagem do GloboEsporte.com para falar sobre o melhor momento da carreira dele. Soa até estranho, já que Vaz, de 27 anos, é reserva no Cruz-Maltino. Mas o reserva, o herói improvável do bicampeonato carioca, outra vez virou solução. Um zagueiro com fome. De gols. Que tomou gostou pela coisa. 

- O pessoal fala: poxa, Rafael. Você está largo, né? Eles ficam brincando. Você está com uma fase...falei: pô, deixa eu curtir minha fase também, cada um tem a sua, né? (risos).   

A escalação de Rafael Vaz como atacante na parte final do jogo contra o CRB, quarta-feira, foi totalmente de improviso. O técnico Jorginho já não tinha mais nenhuma opção ofensiva no banco de reservas e precisava de um gol para evitar os pênaltis contra os alagoanos. Vaz decidiu. Marcou nos acréscimos, e o empate por 1 a 1 fez o time avançar. 

- Não treinamos isso, não cogitamos isso antes. Ele falou: vai lá, entra lá, confio em você. Falei...professor, então pode? Ele falou: pode, pode ir lá, vai lá. Então tá, então vou. Tudo que aconteceu é loucura. Loucura para quem acha que não poderia acontecer. O Eder Luis sempre dá essa bola rápida no segundo pau, rasteira. Já é de prática dele, né? Falei: poxa, eu vou ali, vou conferir. 

Na entrevista, Vaz reconhece a vocação ofensiva. Tem 26 gols na carreira. Dez pelo Vasco. Já foi volante e até meia-armador, no estilo de Andrezinho, segundo ele. E, claro, sonhou em vestir a camisa 9.     
 
- Toda criança pensa: quero ser atacante. Era ver Ronaldo, era ver Romário. Era ver esses grandes atacantes. A gente pensa, mas eu falei: poxa, não tenho esse cacoete todo também, não. Mas eu sou zagueiro, não penso em trocar nada. Vamos colocar ponto final nisso. 

O momento é de alegria, mas também de indefinição. O contrato de Rafael Vaz termina em breve, no dia 6 de junho. O Vasco propõe a renovação até o fim do ano, mas sem aumento salarial. O Flamengo chegou a sondar o jogador, mas a conversa não avançou. A paciência está sendo testada.

- Houve uma conversa por esses dias, mas passei para o meu empresário (Reinado Pitta) conversar. Eu procuro não me envolver, para ficar concentrado no trabalho. Quando você está fazendo as coisas certas e está tentando corresponder dentro de campo, não fica tão preocupado. Todo jogador precisa trabalhar, né? Mas eu estou feliz em estar ajudando dentro de campo.

Confira outros trechos da entrevista:

Afastamento em 2015

- Foram os sete meses acho que mais longos da minha vida, né? Uma novela mexicana. Eu não posso dizer que foram os sete piores meses da minha vida, porque foi o momento em que descobrimos que minha esposa estava grávida, foi no momento que a minha família mais se uniu aqui dentro de casa. Agora, profissionalmente, foi o momento mais complicado, porque todo profissional quer está ali exercendo, quer jogar, quer fazer a sua função. Infelizmente, eu não pude. Não pude porque não me deixaram, porque não era o momento. Isso daí eu não sei dizer. Mas que bom que eu passei por isso também. Tudo é um aprendizado. Acho que não são só os gols que vão fazer você aprender, né? São sete meses também que eu passei treinando separado, que me fizeram ser uma outra pessoa, a treinar como estou treinando hoje, a dar valor ao que eu estou tendo hoje.  

Relação com a torcida

- Recebi um pouco de críticas e outras porque eu deixei a desejar em algumas partes. Em 2013, alguns torcedores falavam que eu saía, mas depois viram que não era isso. Mas nada como um aprendizado, né? A gente erra, depois a gente procura acertar. A torcida do Vasco é muito importante para mim e fico feliz que hoje a relação seja outra, de apoio. Agora é aproveitar os bons momentos, porque graças a Deus os maus momentos ficaram pra trás. 

Zagueiro-artilheiro

- Eu procuro sempre treinar a batida na bola, faço meus golzinhos no rachão. Mas eu me preparo mesmo para ser zagueiro, para marcar. Essa é a minha função. Não sei de cor quantos gols tenho na carreira. No Vasco, acho que são dez. O mais bonito contra o Friburguense. Foi aquele gol de voleio, acho que foi um dos mais bonitos da minha carreira. 

A trave de Vaz em São Januário

- Todo mundo está começando a me perguntar: pô, só faz gol de um lado, que não sei o quê. Pô, não tenho nada ali (risos). Acho que só está acontecendo daquele lado. Até fico brincando com meu amigo Bruno Gallo (meia do Vasco): olha, o segundo tempo é para aquele lado lá, eu acho que pode ter alguma coisa (risos). Mas é só ali. Preciso só daquele cantinho ali para mim.  

Talismã, estrela...

- Não sou talismã, nada disso (risos). Não sei se é estrela também. É trabalho. A estrela não sei até quando vai durar, mas espero que meu trabalho continue assim. Meu objetivo é ser titular do Vasco. Luan e Rodrigo estão muito bem, são grandes jogadores, sei que sou reserva. Mas meu objetivo é esse.

Fonte: ge
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